Diferença entre a renda de ricos e pobres ficou menor

São Paulo (AE) – As desigualdades sociais no Brasil parecem estar diminuindo. De acordo com a ?Síntese dos Indicadores Sociais 2006?, divulgada ontem pelo IBGE, a região em que a desigualdade no mercado de trabalho mais se reduziu no período foi o Sul.

Entre os estados, a maior redução, de 8,8 pontos, ocorreu em Alagoas. Por outro lado, o Piauí teve um aumento de 8,5 pontos na relação de desigualdade entre os rendimentos médios dos 10% mais ricos e 40% mais pobres.

Com relação à renda, houve aumentos para as categorias mais marginalizadas: o rendimento médio dos empregados sem carteira assinada sofreu um aumento de 5,1%, passando de R$ 466,40 para R$ 490,20, e o dos trabalhadores domésticos subiu 12,1%, de R$ 358,10 para R$ 401,80.

Segundo o estudo, a porcentagem de domicílios urbanos com meio salário mínimo de rendimento médio mensal por pessoa caiu, de 21,1% em 1995 para 20,7% em 2005. Porém, em 2004, o resultado havia sido de 19,4%.

No Nordeste, este percentual baixou de 41,7% para 39,7% no período analisado, com destaque para o Maranhão (de 53,3% para 46,9%) e para Alagoas e Recife, que apresentaram crescimento no indicador, de 45% para 46,1% e de 31,8% para 34,2%, respectivamente. Nas demais regiões, o percentual de domicílios urbanos com renda mensal per capita de meio mínimo em 2005 foi de 12,5% no Sul, 13,7% no Sudeste e 31,8% no Norte.

Emprego

Ainda segundo o levantamento, a participação do emprego com carteira assinada aumentou em 3,2 pontos percentuais nos últimos dez anos, enquanto o percentual do trabalho não remunerado caiu 3,6 p.p. entre a população ocupada.

Entre as mulheres, esses resultados foram mais significativos: aumento de 3,7 pontos no emprego formal e redução de 4 p.p. no trabalho não remunerado. Por região, verifica-se que os maiores aumentos do emprego com carteira ocorreram em Goiás (9,4 p.p.) e na região metropolitana de Porto Alegre (7,6 p.p.).

Mulher trabalhadora muda composição da família

São Paulo (AE) – O crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho pode ter ocasionado mudanças na estrutura das famílias brasileiras, como mostram dados da Síntese divulgada ontem pelo IBGE. Entre 1995 e 2005, o número de famílias chefiadas por mulheres cresceu 35%, passando de 22,9%, em 1995, para 30,6%, em 2005. O maior crescimento aconteceu em Santa Catarina (64,1%) e Mato Grosso (58,8%).

Esse aumento vem ocorrendo mesmo nas famílias onde há a presença do marido, analisa o IBGE. No ano passado, do total das famílias com parentesco, em 28,3% a chefia era feminina. Em 18,5% desse universo, as mulheres eram chefes, apesar da presença do marido. Em 1995, essa proporção era de apenas 3,5%.

O indicador aponta não somente para mudanças culturais e de papéis no âmbito da família, como reflete a idéia de chefia ?compartilhada?, isto é, uma maior responsabilidade do casal com a família, avalia o instituto.

Em 2005, a população economicamente ativa (PEA) somava 96 milhões de pessoas, das quais 56,4% eram homens e 43,6%, mulheres. Observou-se que nos últimos 10 anos a distribuição da PEA por sexo sofreu uma acentuada mudança, com a redução da participação masculina e aumento da feminina em 3,2 pontos percentuais.

Educação

No segmento da educação, entre a faixa etária de 7 a 14 anos, correspondente ao ensino fundamental, a freqüência escolar estava praticamente universalizada em 2005 em toda parte do País. Apesar disso, dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep, ligado ao Ministrério da Educação), mostram que é possível afirmar que apenas 53,5% dos alunos concluíam a última série do ensino fundamental em um tempo médio de dez anos.

Já no grupo etário de 15 a 17 anos verificou-se uma desigualdade de oportunidades no acesso à escola em todos os estados do País, na comparação por faixa de rendimento familiar per capita. Entre os 20% mais pobres, a menor freqüência escolar era observada no Pará (61,3%); a maior, no Tocantins (87,3%). Entre os mais ricos, a menor freqüência estava em Rondônia (75,5%); a maior, no Distrito Federal (97,5%).

Desigualdades raciais

Tem havido uma queda no percentual de participação da população branca, que, em 2005, pela primeira vez nas duas décadas de levantamentos estatísticos sistemáticos por pesquisas amostrais, não alcança 50% da população brasileira. Essa queda é simultânea ao acréscimo das populações de cor preta, de 4,9% para 6,3%, e de cor parda, de 40% para 43,2%, confirmando a tendência, já encontrada nos censos demográficos, de revalorização da identidade de grupos raciais historicamente discriminados.

As desigualdades entre brancos de um lado e pretos e pardos de outro porém, se mantiveram nos últimos dez anos, apesar das melhorias verificadas entre 1995 e 2005.

Saneamento

A proporção de domicílios brasileiros em áreas urbanas subiu de 80,7%, em 1995, para 84,5% em 2005. No período, o número de domicílios urbanos passou de 31,4 milhões para 44,9 milhões, um aumento de 42,8%.

A Síntese de Indicadores Sociais investigou os domicílios com serviços públicos de saneamento completo, ou seja, aqueles que têm acesso ao abastecimento de água com canalização interna, estão ligados à rede geral de esgotamento sanitário e/ou a rede pluvial e são atendidos por coleta de lixo diretamente no domicílio. Em 2005, 61,1% dos domicílios brasileiros estavam enquadrados nesse critério.

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