Desenterrando a etiqueta para auxiliar a vida dos executivos

Quem nunca cometeu uma gafe que atire a primeira pedra. Seja a reunião que começou atrasada por sua causa ou o celular que toca na hora errada, a verdade é que as tais mancadas atacam das mais variadas formas. Pensando nisso, as empresas resolveram desenterrar uma técnica utilizada por nossas avós: a chamada etiqueta, deixada de lado durante alguns anos, retorna agora com toda a força e promete auxiliar (e muito) a vida dos executivos.

Dúvidas sobre o tema sempre foram muito comuns entre os profissionais. Vão desde como se vestir até como se portar em determinadas situações. A etiqueta empresarial é uma adaptação da tradicional técnica, criada na tentativa de ensinar os profissionais a evitar os tão temidos lapsos ou ao menos amenizar seus efeitos.

Segundo Bernt Entschev, presidente do Grupo De Bernt Entschev, especializado em capital humano, a primeira, e talvez mais importante, lição é saber se prevenir contra os embaraços. “Não existe almoço de negócios que comece bem quando um dos participantes chega atrasado. Por isso, ao ver que não chegará a tempo sempre ligue avisando”, aconselha. “Investigar o estilo das vestimentas dos participantes do encontro também é uma boa dica.”

José Alfredo Stratmann, diretor comercial de uma empresa de geotecnologia, sabe a importância da imagem na hora do fechamento de um negócio. “Procuro seguir a linha do cliente na hora de me vestir. Caso ainda não o conheça, me preocupo apenas com os detalhes, como o nó da gravata, por exemplo”.

Já uma reunião inspira cuidados redobrados e as boas maneiras recomendam: quando cumprimentar os participantes do encontro, sorria e trate todos da mesma forma, independente do cargo ou posição social. Em caso de atraso, os termos “com licença” e “me desculpem” são uma ótima maneira de acalmar os ânimos de quem teve de esperar pela sua chegada. “Outra gafe, muito comum, é trocar o nome das pessoas. O melhor a fazer é pedir desculpas e retomar a conversa da forma mais discreta possível”, diz Bernt. Mascar chicletes, roer as unhas, ou pior, bocejar incessantemente também são péssimos hábitos para um ambiente formal.

Jamais esquecendo do grande vilão das reuniões, o celular deve se manter desligado no período de duração. “Caso o profissional esteja esperando uma ligação importante, é recomendável que o restante dos participantes já esteja pré-avisados”, diz. Já para Stratmann, o vibra-call é o aliado dos executivos que não podem se mostrar indisponíveis nem por um curto período de tempo. “Costumo deixar no modo silencioso, assim não atrapalho o encontro e sei para quem devo retornar a ligação após seu término”, aconselha.

Outro fantasma que assombra a vida de qualquer executivo são os encontros com clientes estrangeiros. Mais do que nunca, as dúvidas rondam, podendo se transformar numa gafe incontornável. “Pesquisar sobre a cultura do cliente, assim como seus costumes e tradições evita o confronto, mesmo que involuntário, de idéias”, recomenda Vera Lúcia do Amaral, consultora de Recursos Humanos, também do Grupo De Bernt. Escolher uma língua que seja comum a ambos também diminui os riscos de uma inconveniência, pois expressões que para nós são comuns, podem ofender o visitante. Para Bernt, uma boa alternativa é perguntar sobre as gafes mais comuns antes mesmo de cometê-las. “Não é deselegante perguntar ao cliente estrangeiro o que se deve ou não fazer. Deixe que ele decida onde comer e o que visitar”, recomenda o presidente.

Regras a parte, a etiqueta representa hoje uma grande aliada no combate aos conflitos, atritos e maus entendimentos no meio empresarial. Tendo como missão a complicada tarefa de facilitar as relações sociais e profissionais, tornando-as mais amistosas possível, ela passou de sinônimo de caretice a uma poderosa ferramenta de trabalho na tentativa de acabar com o que parece indestrutível: a gafe.

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