Deflação pelo IGP-10 aumenta em setembro

São Paulo (das agências) – O IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, apresentou deflação de 0,69% em setembro. Trata-se da maior deflação desde julho de 2003, quando o índice havia apurado queda média de 0,73% no preços. Desde maio deste ano o indicador não registra avanço na média de preços. Naquele mês, o IGP-M apontou estabilidade, e nos seguintes, deflação.

A queda de preços em setembro foi mais intensa do que no mês anterior, quando o indicador havia registrado deflação de 0,52%. O ciclo de deflações no IGP-10 acumula uma taxa negativa de 1,97%, a maior já verificada neste indicador.

?A deflação é um fenômeno cada vez mais corriqueiro na nossa economia desde 1994?, afirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

O comportamento dos produtos agrícolas, em especial dos alimentos in natura, foi o principal responsável pelo aprofundamento da deflação em setembro. O efeito do câmbio, embora ainda persista em alguns produtos, se tornou secundário diante da queda de preços agrícolas garantida por boas safras do meio de ano e produtos que têm sua cotação regulada no mercado internacional.

A FGV, no entanto, aposta que dificilmente o IGP-10 apresentará uma taxa negativa em outubro por conta do aumento do preço da gasolina. Em razão do período de coleta, o indicador deste mês não captou o reajuste anunciado pela Petrobras. A fundação calcula que o impacto na inflação deve ficar entre 0,20 ponto percentual e 0,30 ponto percentual.

Os preços no atacado aprofundaram a queda de 0,78% em agosto para 0,91% em setembro. O aumento da deflação no atacado ocorreu em razão da queda ainda maior dos preços dos produtos agrícolas, que passaram de uma retração de 1,56% para 3,02% no período.

Na mesma comparação, os produtos industriais mostraram desaceleração no ritmo de queda dos preços, reduzindo a baixa de 0,52% para 0,23%.

O efeito menor do câmbio sobre a queda de preços pode ser verificada no item materiais para manufatura, que inclui ferro e aço, insumos usados nas mais diversas indústrias. O item representa 16% do atacado e teve sua taxa alterada de -1,56% para -1,07%.

Os preços ao consumidor aceleraram o ritmo de queda dos preços, de 0,07% para 0,36%. A queda ao consumidor foi a mais intensa desde setembro de 1998. Os grupos Alimentação e Habitação foram os que mais contribuíram para a queda de preços, com a menor taxa de produtos como hortaliças e legumes e do item luz, gás e telefone.

Os custos na construção civil ficaram estáveis em setembro. Em agosto, a taxa havia ficado em 0,09%. Materiais e mão-de-obra mostraram desaceleração. No ano, o IGP-10 acumula alta de 0,57% e nos últimos 12 meses, de 2,42%.

Os preços foram coletados entre os dias 11 de agosto e 10 de setembro.

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