CUT e Força prometem paralisar fábricas

São Paulo (AE) – Sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Força Sindical anunciaram ontem, em entrevista coletiva, que vão paralisar fábricas de máquinas e implementos agrícolas em 18 municípios dos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, no próximo dia 17, para protestar contra as cerca de 4 mil demissões que o setor promoveu nos dois primeiros meses do ano. As unidades que a CUT e a Força querem paralisar são das companhias AGCO, Agrale, Case New Holland, Fiat Allis, Caterpillar, John Deere, Komatsu, Valtra, Marchezan, Semeato, Egan, Max, Imasa e Kepler Weber.

?Em seis anos, com o programa Moderfrota, o setor de máquinas agrícolas apresentou crescimento de produção de 147%, enquanto o emprego cresceu 50%, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. O setor foi um dos mais beneficiados e agora, com a crise momentânea que passa a agricultura, realiza demissões em massa?, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Carlos Alberto Grana. ?Foi amplamente beneficiado e, no primeiro sinal de crise, demite ou quer retirar direito de trabalhador. Exigimos compromisso social?, complementou o sindicalista.

Reunidos na sede da CUT, em São Paulo, os dirigentes sindicais das duas centrais anunciaram que querem o envolvimento do governo para encontrar uma solução de forma negociada para os problemas do setor. ?Queremos que a sociedade saiba o que está se passando nesse meio, por um segmento que contou com recursos públicos para se expandir. O governo é o principal financiador e de agora em diante, que participe da negociação para encontrar soluções alterna-tivas?, disse Grana, ao recordar que, no lançamento do Moderfrota, em 1999, as duas centrais sindicais cobravam do governo que as empresas beneficiadas pelo programa oferecessem como contrapartida a garantia de emprego, pedido não atendido pelo governo na época.

Conforme o relato dos sindicalistas, além de demitir os trabalhadores, as companhias têm procurado os sindicatos locais para propor programas de produção de jornada de trabalho, acompanhados de redução salarial, proposta esta categoricamente rejeitada pelos trabalhadores.

No segmento, segundo os líderes sindicais, a jornada média semanal está em 44 horas, enquanto a média salarial gira em torno de R$ 400. ?Os empresários ganharam muito nos últimos seis ou sete anos e nada foi repassado aos trabalhadores. É essa postura dos empresários que provoca nossa reação?, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra.

Empresa se ajusta à realidade

A Case New Holland informou ontem, em nota, que está tomando algumas medidas para ajustar a sua operação à nova realidade dos mercados agrícolas brasileiro e latino-americano. Afirmou que o mercado de equipamentos agrícolas passa por uma grave crise, com o segmento de colheitadeiras caindo pela metade nos últimos três meses em relação ao mesmo período do ano passado. Em fevereiro, segundo a nota, a queda foi ainda maior, de 63%, e a perspectiva é de que esse quadro não seja revertido no curto prazo.

Informou que para se adaptar a esse novo quadro, a CNH concedeu 30 dias de férias coletivas para seus empregados em dezembro, parada de cinco dias durante a semana do Carnaval e a adoção de uma jornada de trabalho sem acréscimo de horas extras. E na primeira semana de março decidiu realizar um ajuste no seu quadro de empregados, demitindo 220 trabalhadores horistas da linha de produção, além de conceder mais 20 dias de férias coletivas nos dias subseqüentes para os demais funcionários. ?A redução é uma medida extrema, mas inevitável, devido à atual situação. A empresa espera que o mercado retome seus níveis normais o mais breve possível para poder reabsorver esses trabalhadores?, finalizou a nota.

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