Curitiba sedia conferência de agroecologia

A produção de energia limpa, a soberania alimentar e a agregação de valor à produção agrícola são alguns dos temas que estão sendo discutidos desde domingo, em Curitiba, na 1.ª Conferência Nacional Popular sobre Agroecologia. Até amanhã, integrantes dos movimentos campesinos, ambientalistas e coordenadores de programas sociais debatem alternativas energéticas e modelos de desenvolvimento sustentável.

Uma das principais atrações da conferência é o pátio de exposições, montado na reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Lá, o visitante pode conferir algumas das soluções já desenvolvidas no Brasil para a produção de energia limpa e de baixo custo.

Entre os itens expostos está o Veículo Eletrônico, desenvolvido pela Itaipu Binacional em parceira com a Fiat. O veículo funciona com uma bateria de níquel, totalmente reciclável, e é recarregado na tomada. O automóvel precisa de oito horas para ser carregado e, depois disso, tem uma autonomia de 120 km, chegando à velocidade máxima de 110km/h. A idéia dos desenvolvedores do projeto é, dentro de cinco anos, aumentar a velocidade máxima para 150km, elevar a autonomia da bateria para 450 km e diminuir o tempo de carga para apenas 20 minutos. Aí, segundo os técnicos da Itaipu, ele estaria pronto para o mercado.

Outro protótipo que em pouco tempo já estará à disposição dos interessados é a miniusina de óleo vegetal. Desenvolvida pela Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social (Repas), a usina tem por objetivo propiciar ao próprio produtor a oportunidade de extrair o óleo de sua matéria prima (soja, girassol, babosa, amendoim, etc.) e ainda aproveitar os outros produtos do grão. ?Essa máquina representa desenvolvimento sustentável; saúde, uma vez que o óleo é muito mais limpo que o do supermercado, e agregação de valor ao produto, já que, ao invés de vender o grão in natura, o produtor poderá vender o óleo, o farelo e os outros subprodutos?, disse o coordenador do projeto, professor Werner Fuchs.

A miniusina é capaz de separa a casca (que pode ser usada com ração ou adubo), o farelo, o óleo comestível e o óleo combustível. ?Já desenvolvemos veículos e máquinas agrícolas adaptados para funcionar com o oléo vegetal, mas, em motores à diesel, é possível fazer um ?flex? sem nenhuma adapatação. Usamos veículos com até 40% do óleo sem perder no rendimento ou no consumo?, comemora o professor. A exposição sobre agroecologia vai até as 16h de amanhã, no pátio da reitoria da UFPR.

Pesquisadores estão desenvolvendo álcool a partir da batata-doce

Mara Andrich

Um veículo movido a álcool de batata-doce. Parece curioso, mas isto já é realidade no Brasil e está começando a virar uma opção ao combustível advindo da cana-de-açúcar. O uso do tubérculo é resultado de uma grande idéia de pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins e do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (Cescage), localizado em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.

As pesquisas estão sendo desenvolvidas há dez anos, mas já há usinas-piloto nos municípios de Jesuítas, no Paraná, e Porto Nacional e Araguaína, no Tocantins. E os pesquisadores garantem: trata-se de um processo com baixo custo e, o que é melhor, faz uso da mão-de-obra da agricultura familiar.

O proprietário da empresa que desenvolveu o projeto (a Bioex Etanol), Fagundes Cunha, disse que a grande vantagem de se desenvolver essa nova matriz energética a partir da batata-doce é a preocupação com o homem do campo. ?Hoje fala-se muito na cana-de-açúcar, que tira o homem do campo e não produz outros alimentos, ao contrário da batata, que, além do combustível, pode ser usada no setor farmacêutico, de bebidas e cosméticos?, analisou.

Um dos motivos que faz com que o uso da batata gere menos custo é o fato de que o tubérculo vinga facilmente em solos mais frágeis e pode ser plantado duas vezes ao ano, enquanto a cana só é cultivada uma vez. ?Outra grande vantagem é que a torta que se forma com o resíduo úmido é 30% de proteína, bem menos do que a cana?, afirmou.

O reitor da Universidade Federal de Tocantins, Alan Barbeiro, considera que o projeto poderá revolucionar a matriz energética do Brasil.

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