Curitiba registrou maior IPC do ano em setembro

Com variação de 1,12%, Curitiba registrou em setembro a maior inflação do ano pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor). O indicador – que mede o custo de vida para famílias com rendimento mensal entre um e quarenta salários mínimos – foi divulgado ontem pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), vinculado ao governo estadual. O índice acumulado de janeiro a setembro é de 5,64% (ante 4,01% no mesmo período do ano passado) e nos últimos doze meses, a taxa subiu 7,53% (contra 4,59% nos doze meses anteriores a setembro de 2001).

O indicador do mês passado ficou bem acima dos dados de setembro dos últimos anos: 0,31% em 99 e 2001 e deflação de 0,07% em 2000. O diretor do Centro Estadual de Estatística do Ipardes, Arion César Foerster admitiu ontem que o IPC deste ano ultrapassará a meta inflacionária estabelecida pelo governo federal, de 4,5%, com variação de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. “Não há previsão de quedas no final do ano. Com a chegada do Natal, os produtos começam a subir e por isso a meta de 6,5% será ultrapassada”, destacou.

Variação cambial, entressafra e perdas de safra por razões climáticas pressionaram positivamente o IPC. Os sete grupos de produtos e serviços pesquisados pelo Ipardes tiveram alta no mês passado. Dos 338 produtos incluídos na pesquisa, 228 apresentaram aumento, 29 ficaram com preço inalterado e 81 registraram redução.

A maior contribuição para o índice de setembro foi de Alimentos e Bebidas (2,04%), influenciado pelo aumento de preços no tomate (29,98%), pão francês (3,30%), frango resfriado (8,06%), óleo de soja (14,25%), arroz (6,07%) e farinha de trigo (10,13%). “A entressafra afetou alguns produtos, como tomate e arroz, e a alta do dólar se refletiu na farinha de trigo e seus derivados e no óleo de soja, por ser uma commoditie”, comentou Foerster.

O segundo maior impacto para o indicador veio de Transporte e Comunicação, onde foram detectadas altas no álcool combustível (11,28%) e gasolina (4,39%). Os dois itens representaram as maiores influências individuais no IPC do último mês. Este grupo, que consome em média um quarto do orçamento familiar, apresentou redução de preços de automóvel de passeio nacional novo (-1,12%). No grupo Habitação, a elevação de 1,17% foi decorrente do aumento de 2,23% em condomínio e da queda de 5,78% no gás de cozinha.

Artigos de Residência tiveram incremento de 0,84%, influenciados pela alta de 2,34% em aparelho de televisão e queda de 3,46% no custo de conserto de eletrodomésticos. Já Vestuário reverteu a tendência de queda de preços que costuma ocorrer em setembro, com acréscimo de 1,76%. Também houve aumento em Saúde e Cuidados Pessoais (1,34%) e Despesas Pessoais (0,60%).

Nova alta

Para outubro, os técnicos do Ipardes projetam novo índice elevado, porém em patamar inferior ao de setembro. Neste ano, a maior taxa registrada em Curitiba foi 0,88%, em janeiro. “Se houve outro aumento nos combustíveis (gasolina, álcool ou diesel), teremos outro índice elevado”, disse Foerster. Os alimentos já sofreram bastante o efeito da escalada do dólar, porém ainda podem subir mais. “A tendência é que os preços continuem alinhados, sutilmente indexados ao dólar, principalmente os produtos vinculados às commodities, como soja e milho”, apontou o técnico do Ipardes Carlos Renato Sofka.

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