Curitiba quer ser pólo de eventos

Curitiba quer ser conhecida nacional e internacionalmente não apenas pelo seu sistema de transportes – com os biarticulados e ligeirinhos -, sua grande área verde e as apresentações de Natal no histórico prédio do HSBC. Quer também entrar na rota dos grandes eventos. Ocupando a oitava posição entre as cidades brasileiras que mais receberam eventos internacionais no ano passado – ao lado de Santos (SP), Gramado (RS) e Recife (PE) – de acordo com o ranking da ICCA (International Congress and Convention Association) -, e a terceira que mais recebeu turistas de negócios, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo a Embratur, a capital paranaense segue firme na disputa por eventos de grande porte.

Para a diretora-executiva do Curitiba Convention & Visitors Bureau, Juliana Almeida Vosnika, um dos principais diferenciais de Curitiba em relação a outras capitais é o custo-benefício dos serviços. “Uma pesquisa da Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) mostra que a diária em um hotel quatro estrelas em Curitiba é R$ 80, em média. Em São Paulo, é R$ 230; em Belo Horizonte, R$ R$ 180, em Porto Alegre, R$ 150”, comparou. “Além disso, Curitiba conta com três centros de convenções supermodernos, com possibilidade de atender a diferentes tipos de eventos, gastronomia diversificada, malha aérea com 150 vôos diários”, enumerou. Só o Curitiba Convention, entidade criada há oito anos, captou entre janeiro e setembro oito eventos para a cidade e apoiou outros 51, que atraíram cerca de 145 mil turistas e geraram cerca de US$ 102,5 milhões. Até 2011, a entidade já captou 19 eventos, que devem atrair aproximadamente 40 mil pessoas e gerar US$ 27 milhões.

Centros de convenções

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Juliana Almeida Vosnika: diferencial é o custo-benefício dos serviços.

Entre os principais centros de convenções instalados em Curitiba e região, a opinião é unânime: o mercado de eventos em Curitiba está de fato aquecido, principalmente agora no segundo semestre, e a agenda está lotada até dezembro. De acordo com Nelson Bolduan, diretor-geral do Expotrade, em Pinhais, a taxa de ocupação do local este ano está em 45%, bem acima da taxa média de 30% registrada no ano passado. “Sem dúvida, este é o melhor ano desde que o Expotrade foi inaugurado”, apontou Bolduan. A área da feira, com 23 mil metros quadrados, funciona desde 1998, enquanto a parte de convenções foi inaugurada em 2003.

Sediando maior número de eventos, o faturamento do Expotrade deve crescer 40% em relação ao ano passado. “Ainda falta divulgar melhor o nosso espaço”, reconhece Bolduan. Segundo ele, a taxa ideal de ocupação de um centro de convenções é de 65%. Para Héber Garrido, gerente-geral do Expotrade, os outros dois espaços destinados a eventos – Expo Unimed Curitiba, do Grupo Positivo, e o Estação Embratel – não chegam a oferecer perigo. “Eles não concorrem entre si, são equipamentos diferentes. Além disso, o Expotrade tem a vantagem do tamanho: pode realizar eventos para 10 mil pessoas, por exemplo, e pode receber máquinas pesadas para feiras”, explicou. Garrido defende maior oferta de empresas prestadoras de serviços – como segurança, montagem de estandes, receptivo – para fomentar o turismo de eventos em Curitiba.

Inaugurado em março desse ano, o Expo Unimed Curitiba – com área construída de 8,3 mil metros quadrados – também está com a agenda lotada até o final do ano. Segundo o diretor-executivo Marcelo Franco, 23 dos 30 dias de setemb,ro estão ocupados. “Em seis meses, a taxa média de ocupação do Expo é de 70% e do Teatro Positivo de 65%”, revelou. Segundo Franco, há eventos marcados para 2009, 2010 e 2011. “Quanto maior o evento, com mais antecedência é preciso reservar”, explicou, acrescentando que eventos nacionais da área médica são fechados com até três anos de antecedência. Para 2009, a meta é aumentar o faturamento em 15% sobre este ano. “Há concorrência entre os espaços, mas é uma competição sadia.” O foco do Expo Unimed são eventos para até 2 mil pessoas.

Igualmente forte no mercado, o Estação Embratel Convention Center, com 25 mil metros quadrados de área construída distribuídos em três pisos multiuso, tem a seu favor a localização, próximo a hotéis, restaurantes, shoppings. “Nosso faturamento cresceu 26% sobre o ano passado, e a expectativa é repetir o índice no ano que vem”, apontou Rodrigo Swinka, diretor-geral do Estação Embratel. Segundo ele, a meta de fluxo de caixa (faturamento) para este ano já foi batida; já a de locação de espaço deve ser alcançada em novembro. Por questão estratégica, o Estação não divulga a taxa de ocupação. “Já realizamos 213 eventos este ano. Devemos chegar a 270 até dezembro”, arrematou Swinka.

Congressos e feiras lotam hotéis da capital

Os meses de setembro e outubro já se transformaram em período de alta temporada para a rede hoteleira da Grande Curitiba. O motivo é a realização
de congressos, seminários e feiras. “É quando a taxa de ocupação chega a 70%”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Paraná (Abih-PR), Henrique Lenz César Filho. Segundo ele, assim como ocorre em São Paulo, a maior parte dos eventos se concentra no segundo semestre.

Nos primeiros seis meses do ano, a taxa de ocupação nos hotéis de Curitiba é bem menor, cerca de 40%.  “A realização de eventos, congressos, já é uma identidade de Curitiba. Não somos uma cidade turística, não temos praia
nem cataratas. Além disso, Curitiba é o melhor lugar para realizar eventos, é muito bem estruturada e a cidade mais barata do Brasil, em função da concorrência que é muito grande”, apontou Lenz.

“Tanto na parte de hotelaria como de gastronomia, a cidade está muito bem servida.” Segundo Lenz, outro mês em que a taxa de ocupação é alta é dezembro. “Antes, dezembro era um mês péssimo, com taxa de ocupação super baixa, de 18% a 20%. Mas com o Natal do HSBC, muitas turistas vêm a Curitiba, principalmente de São Paulo e do interior. Nas noites em que há apresentação, a ocupação chega a quase 100%”, comentou. A Grande Curitiba conta atualmente com cerca de 150 hotéis e 18 mil leitos -aproximadamente 12 mil nas categorias entre três e cinco estrelas, as mais procuradas pelos congressistas. Segundo Lenz, os hotéis da região central de Curitiba são os primeiros a serem procurados pelos turistas de eventos. Em seguida, estão hotéis da região metropolitana, localizados em Pinhais, São José dos Pinhais, Campo Largo. Ao contrário do que ocorreu nos últimos anos, em 2008 não houve inauguração de empreendimentos hoteleiros na cidade. “Pelo contrário, muitos encerraram as atividades”, apontou Lenz, sem detalhar números. (LS)