Curitiba pode ser pioneira no uso do carro elétrico

Curitiba está interessada em ser uma das primeiras cidades do País com um carro totalmente elétrico e produzido em série rodando nas ruas. Pelo menos foi isso que ficou transparecido ontem, na apresentação do primeiro modelo do gênero, o i-MiEV, da Mitsubishi, na Prefeitura.

Enquanto não chega às lojas, o carro deverá ser mostrado em prefeituras, governos estaduais e algumas empresas, que são clientes em potencial – a capital paranaense foi a primeira a receber a empresa.

Para iniciar as vendas, a montadora ainda espera a definição de uma política tributária mais favorável a esse tipo de veículo, sobre o qual incidem 25% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e 35% de Imposto de Importação (já que o modelo é fabricado no Japão).

Com os tributos vigentes, o carro, que custa 30 mil dólares (cerca de R$ 53 mil) no Japão, não sairia por menos de R$ 120 mil no Brasil, nos cálculos da própria fabricante.

A multinacional espera conseguir vender o produto a até R$ 60 mil -preço longe de ser popular, mas equivalente ao de outros carros urbanos modernos, como o Smart, da Mercedes-Benz.

“Já houve uma tentativa de se reduzir os impostos, mas não houve consenso no governo federal, preocupado em não desvalorizar o etanol. Agora uma comissão interministerial cuida do assunto, e deverá definir em breve uma política para veículos com tecnologias alternativas”, afirma o diretor de Planejamento e Engenharia da Mitsubishi no Brasil, Reinaldo Muratori.

O executivo acredita que, até 2012, haja uma boa disponibilidade do modelo nas lojas brasileiras. Por enquanto, o modelo só é vendido no Japão. Até o final do ano, deve começar a ser comercializado na Europa.

Muratori informa que a possibilidade de fabricação do veículo no Brasil, o que aconteceria por volta de 2015, está sendo estudada. A única planta brasileira da Mitsubishi, que fabrica modelos L200 e Pajero, fica no Estado de Goiás.

O prefeito Luciano Ducci, que após a apresentação testou o carro, ficou animado com a possibilidade de trazer o veículo a Curitiba, o que pode ser feito até por meio de uma parceria com a montadora.

“Há interesse e espero que, em breve, possamos ter o carro elétrico circulando pela cidade”, afirmou. “Mas precisamos que o preço seja mais acessível e que tenhamos locais próprios para alimentação da bateria”, completou. Muratori disse que a empresa irá estudar eventuais propostas oficiais de parceria.

Investimento

A Mitsubishi já investiu mais de US$ 1 bilhão em projetos de carros elétricos, iniciados nos anos 1970. No i-MiEV, o investimento está em torno de US$ 300 milhões. Para trazer o carro ao Brasil, o investimento é apenas comercial, e ainda não foi revelado pela empresa.

Urbano

O silencioso carro, que tem uma potência de 47 kW, o equivalente a 64 cavalos, tem autonomia para rodar 160 quilômetros sem que as baterias precise ser recarregadas.

Por isso, sua proposta é de uso urbano. O carregamento pode ser feito em tomadas convencionais, onde pode demorar, em 110 volts, até 14 horas se estiver completamente zerada.

Há, também, uma estação desenvolvida pela montadora, que em 30 minutos completa 80% da carga. O custo calculado para cada quilômetro rodado é de R$ 0,03. Na gasolina ou no etanol, o valor chega a R$ 0,22, segundo a empresa.