Crise na agropecuária surpreendeu o governo

Foto: Agência Brasil
Lula com o governador Blairo Maggi: surpresa.

São Paulo (ABr) – O governo brasileiro foi pego de surpresa pela crise que afetou boa parte do setor agrícola brasileiro nos últimos dois anos, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso durante a inauguração de um trecho pavimentado da rodovia BR-364 em Mato Grosso, Lula afirmou que o governo foi pego ?de calças curtas?? pela crise, provocada, principalmente, pela valorização do real frente ao dólar, que reduziu a rentabilidade do setor de grãos, fortemente dependente das exportações.

?Temos que aproveitar o momento em que a agricultura se recupera para estabelecer todas as políticas agrícolas necessárias para que, numa próxima crise, a gente não seja pego de calças curtas como nós fomos pegos nessa crise agora??, disse Lula, que estava acompanhado pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do país.

O presidente ponderou que a crise no setor agrícola deve servir de lição para que a experiência não se repita. ?Vamos aprendendo a lição que aprendemos e, com a possibilidade de mais quatro anos de governo, trabalhando de forma uniforme, governo do estado e governo federal. E a gente vai poder garantir que a agricultura brasileira não sofra mais a crise que ela sofreu nesses últimos dois anos.?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu a consolidação de uma política de seguro agrícola no país, para reduzir prejuízos causados por eventuais crises na agricultura brasileira. Para o presidente, é preciso garantir mecanismos para que o agricultor não seja ?vítima da chuva, do sol ou de uma praga?. ?E, depois, a gente tem que construir às pressas planos de salvamento para a agricultura.?

Na avaliação de Lula, se o governo consolidar uma política de seguro agrícola, ?todo mundo vai ter a certeza que, quando tiver uma crise, ele vai ter o dinheiro para ressarcir um possível prejuízo que ele teve e tocar a agricultura no ano seguinte?.

Segundo ele, a agricultura tem que ser tratada com carinho, pois é um dos pilares do desenvolvimento econômico do país. Ele acrescentou ter consciência da qualidade tanto dos empresários agrícolas brasileiros quanto da produção da agricultura familiar.

No discurso, também destacou que, em 2006, os sinais de recuperação da ?crise profunda? enfrentada pelo setor nos últimos dois anos são ?extraordinários?.

Investimentos

O desenvolvimento do país passa por mais investimentos em infra-estrutura, como a construção de estradas, para facilitar o escoamento dos produtos agrícolas, ressaltou Lula.

Durante a visita a Mato Grosso, ele vistoriou as obras de asfaltamento da BR-364, considerada principal via de escoamento da produção agropecuária do estado para a região sudeste. Iniciada em 2001, a obra tem extensão de 453,3 quilômetros, dos quais 170 foram asfaltados.

De acordo com Lula, inaugurar o trecho é como fazer uma ?operação de safena numa pessoa que estivesse doente, que a gente tivesse colocando algo novo para essa pessoa poder sobreviver?.

Lula destacou também a importância do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia, para facilitar o escoamento da produção agrícola na região.

?Fazendo a hidrelétrica do Rio Madeira, vamos ter que fazer as eclusas para que os produtos possam sair pelo rio e chegar na Europa muito mais rápido, muito mais barato, para garantir mais rentabilidade e, conseqüentemente, mais investimento e mais emprego para as pessoas?, concluiu.

Reservas

Lula destacou que o Brasil dispõe de US$ 81 bilhões em reservas internacionais, o que representa um recorde histórico. ?Nunca na história o Brasil teve tanta segurança de reservas em dólar para garantir o nosso crescimento?, destacou o presidente.

De acordo com Lula, o quadro atual é diferente do que ele encontrou ao tomar posse, no início de 2003. ?O Brasil estava numa situação muito delicada porque a gente não conseguia exportar quase tudo que a gente produzia e tinha poucas reservas, ou seja, dinheiro em dólar para garantir as nossas importações e as nossas exportações?, comparou.

Lula reiterou que a economia brasileira já está consolidada e que o país está pronto para dar o segundo passo, ?o do crescimento econômico, do desenvolvimento econômico e da distribuição de renda?.

?Só é possível a gente fazer distribuição de renda se a economia brasileira crescer para gerar as oportunidades de emprego e gerar a quantidade de salários que nós entendemos que o povo brasileiro precisa ter direito?, afirmou.

MT inaugura usina integrada de biodiesel e álcool

Brasília (ABr) – A cidade de Barra do Bugres, no interior de Mato Grosso, abriga, desde ontem, a primeira usina integrada de produção de biodiesel, álcool combustível e açúcar. Será também a terceira maior unidade de produção de biodiesel, entre as 14 já existentes, segundo informação do Ministério de Minas e Energia. A inauguração aconteceu com a presença do presidente Lula e do governador eleito de Mato Grosso, Blairo Maggi.

A usina, da empresa Barralcool, já produz anualmente 150 milhões de litros de álcool e 40 mil toneladas de açúcar. Com a nova extensão de biodiesel, planeja produzir, ao ano, 57 milhões de litros do combustível, principalmente à base de soja e girassol.

A expansão da usina Barralcool, que já existe há 20 anos, custou R$ 27 milhões. Desse total, R$ 15,9 milhões vieram do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste e R$ 11,1 milhões de recursos próprios da empresa.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia, a atuação da Barralcool vai envolver 14 municípios vizinhos e gerar cerca de 600 empregos na zona rural e 80 na área urbana.

Segundo o ministério, atualmente há 3,5 mil postos de gasolina que vendem biodiesel em todo o país. De acordo com a assessoria do ministério, a previsão é de que o número de usinas em operação chegue a 21 até o final de 2006, com capacidade de produção instalada de 580 milhões de litros por ano. Em 2007, 34 novas usinas deverão começar a funcionar e outras dez deverão ser ampliadas, com capacidade para produzir 2,2 bilhões de litros, no total.

Mato Grosso é o estado brasileiro que mais cresceu economicamente nos últimos 20 anos. O Produto Interno Bruto (PIB) mato-grossense cresceu 315% de 1985 a 2004. O principal motivo é a agropecuária, que teve aumento de 1.200% no mesmo período.

Voltar ao topo