Crise do agronegócio chega à universidade

O agronegócio brasileiro vem passando por uma crise bastante séria, que afeta desde a oferta de insumos até a colocação de produtos no mercado. O assunto é tema de uma série de debates, intitulada ?Agronegócio brasileiro: crise e desafios à universidade?, que vem acontecendo na sede da Facinter, em Curitiba.

A crise está bastante relacionada a problemas regionais que acabam afetando todo o País, como por exemplo a seca (atualmente verificada nos estados do sul), a febre aftosa (cuja suspeita comprometeu principalmente Paraná e Mato Grosso do Sul) e doenças que afetam a soja (como a ferrugem, detectada principalmente nos estados da região sul e centro-oeste).

Porém, a origem do problema, segundo o professor da área de economia e administração rural da UFPR, José Roberto Canziani, se deu nos três últimos anos. Neste período, o setor de agronegócio apresentou um crescimento bastante alto, que foi acompanhado por uma grande euforia dos produtores. ?Agora a euforia passou e os produtores enfrentam um período de ressaca. Nos últimos anos, como os negócios estavam bem, eles investiram bastante em suas propriedades e acabaram se endividando. Hoje, não conseguem pagar o que devem?, explica.

Com os insumos cada vez mais caros e o preço dos produtos em decadência, os produtores se vêem em situação complicada. Os mais prejudicados são os que trabalham com exportação, pois a taxa de câmbio se encontra supervalorizada. ?Uma das soluções para o agronegócio seria o governo federal definir uma política agrícola melhor, mais voltada à proteção do emprego e da renda no campo, com redução de encargos sociais?, diz o professor da Universidade Federal de Goiás, José Ferreira de Noronha.

A política agrícola, na opinião de Noronha, deveria envolver a adoção de um período maior de carência para que os produtores comecem a pagar suas dívidas. Desta forma, eles teriam chance de recuperar o fôlego e gerar caixa. ?O papel do governo é muito importante. Porém, não é ele o único culpado pela crise. Os produtores também precisam aprender a administrar melhor os seus negócios, controlando de maneira mais eficaz as finanças de suas propriedades e investindo na capacitação de seus recursos humanos?, afirma Canziani.

Universidades

É neste ponto que o professor da UFPR acredita que entra a contribuição das universidades. De acordo com ele, a grande maioria das instituições de ensino têm, na área de Ciências Agrárias, se voltado mais a questões tecnológicas, esquecendo-se um pouco da formação em gestão. ?As universidades não ensinam seus alunos a serem empreendedores. Desta forma, os profissionais acabam não podendo ajudar os produtores na administração das propriedades.?

Outra contribuição das universidades seria o desenvolvimento de pesquisas voltadas a setores do agronegócio brasileiro considerados mais atrasados no que diz respeito à tecnologia e que atualmente não demonstram tanta competitividade, como as cadeias produtivas de feijão, trigo e leite.

Brasil aumenta participação no mercado mundial

Brasília (ABr) – A participação do Brasil no mercado internacional de produtos agropecuários cresceu de 2,8% para 3,9% nos últimos quatro anos. O dado está na publicação Intercâmbio Comercial do Agronegócio – Trinta Principais Parceiros Comerciais, apresentada ontem pelo Ministério da Agricultura.

O anuário traz dados de 2000 a 2004, relativos aos 30 principais parceiros comerciais do Brasil, que juntos adquirem mais de 82% das vendas externas do País. Nesse período, o setor exportador agrícola brasileiro cresceu mais que o dobro do comércio agrícola mundial, passando de US$ 15,4 bilhões para US$ 30,8 bilhões. Do total de exportações brasileiras, o setor do agronegócio participa com 40% dos produtos exportados.

O coordenador-geral de Organização para Exportação do ministério, Eliezer Lopes, explica que o anuário é a pesquisa mais detalhada já elaborada sobre o mercado importador dos países. ?Ele permite aos setores do agronegócio, às autoridades, conhecer o mercado importador de cada um desses 30 países e avaliar as possibilidades de expansão das exportações brasileiras?, afirmou.

No período analisado, o setor que apresentou maior crescimento foi o de carnes. Em cinco anos, as exportações de carne aumentaram mais de US$ 6 bilhões. Também apresentaram crescimento os setores de leite e produtos lácteos, cereais, farinhas e preparados, suco de frutas e pescados.

O principal parceiro comercial brasileiro em produtos agropecuários continua sendo os Estados Unidos, mas o comércio com o país caiu de cerca de 18% para 14% no período analisado. A participação da União Européia também caiu de cerca de 40% para 32% do total de exportações brasileiras do agronegócio.

Por outro lado, países como a China, a Rússia e a Índia aumentaram o comércio com o Brasil. De 2000 a 2005, a Rússia aumentou a compra de produtos brasileiros de 2% para 6%. O comércio com a China subiu de 3% para 7% e a Índia aumentou a participação de 0,5% para 1,3%. Atualmente, a China é o 3.º principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, seguido pela Rússia, que ocupa a 4.ª posição.

China libera frigoríficos do Brasil para exportação

Brasília (Mapa) – A Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou ontem que a China habilitou 14 novos estabelecimentos produtores de carne de aves. Com isso, sobe para 24 o número de plantas de abate autorizadas a exportar para aquele país. As novas indústrias ficam nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Somente dois frigoríficos – um em Goiás e outro em São Paulo – estavam exportando para a China. Os chineses estudam a possibilidade de autorizar mais duas outras plantas de abate de aves, em Santa Catarina e São Paulo.

Entre os dias 7 a 20 de março, uma missão chinesa inspecionou dois frigoríficos no Rio Grande do Sul, três em Santa Catarina e três no Paraná, considerando-os aptos para exportação. Com base em informações recebidas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, durante a visita ao Brasil, a comitiva chinesa habilitou outros 14 estabelecimentos. ?Demos as garantias de que esses frigoríficos apresentam o mesmo padrão de qualidade daqueles visitados? explica o diretor do Departamento de Assuntos Sanitários e Fitossanitários do Mapa, Odilson Ribeiro.

A China foi o terceiro mercado para os produtos do agronegócio brasileiro no ano passado, atrás apenas da União Européia e dos EUA. De 2000 a 2005, as exportações para aquele destino cresceram cerca de 480%. No ano passado, o Brasil exportou aproximadamente US$ 80 milhões em carne de frango in natura para aquele país. Uma variação de 132% superior ao exportado em 2004. Nos últimos anos, a China tem ocupado uma posição cada vez mais relevante para o comércio exterior brasileiro. Em 2005, atingiu U$ 12,2 bilhões, crescimento de 33,2% sobre o ano anterior.

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