Credores tomam posse de fazendas da Boi Gordo

Itapetininga – Representantes dos 35 mil credores da Fazendas Reunidas Boi Gordo, que teve a falência decretada em abril, tomaram posse ontem das três fazendas que o grupo possui em Itapetininga, na região de Sorocaba. As áreas das fazendas Realeza, Vitória e Eldorado somam 1.100 hectares e serão objeto de venda em leilão. Segundo o advogado José Luiz Silva Garcia, presidente da Associação dos Lesados pela Boi Gordo (ALBG), esse foi o primeiro passo efetivo para o ressarcimento dos prejuízos de mais de R$ 1 bilhão que o grupo causou aos investidores.

As ações de arrecadação do patrimônio da empresa falida vão se estender às 110 fazendas espalhadas por vários Estados. Garcia acredita que as terras e benfeitorias podem ser suficientes para cobrir a maior parte das dívidas deixadas pela Boi Gordo. A ordem de retomada das propriedades foi dada pela juíza Márcia Cardoso, da 1.ª Vara Cível do Fórum Central de São Paulo, onde tramita o processo de falência. Dois oficiais de Justiça do Fórum de Itapetininga, munidos de um mandado de imissão de posse, acompanharam os advogados dos escritórios Almeida Paiva e Garcia & Baeza, que representam a maior parte dos credores, até o portão principal das propriedades.

O gerente das fazendas, Alessando Loureiro, disse que as áreas foram arrendadas para o grupo agropecuário Golin, dos irmãos Paulo e Júlio Golin. Depois de consultar os patrões, Loureiro liberou a entrada da comitiva. Os oficiais, que chegaram escoltados por um veículo policial, tinham ordens de arrombamento se houvesse resistência. O advogado Alexandre Quintanilha Coelho de Paula, representando o síndico da massa falida, iniciou um levantamento dos bens encontrados nas três glebas, entre eles cerca de 550 bois nelore e limousin, 128 vacas de raça, 7 tratores, caminhões e máquinas agrícolas. Ele designou o preposto Edélcio Ribeiro Passos para ser o depositário dos bens e novo administrador da propriedade.

Os portões das fazendas ficarão lacrados enquanto durar o levantamento. Apesar de bem cuidada, a fazenda Realeza em nada lembra o cenário dos grandes leilões ali realizados pelo presidente da Boi Gordo, Paulo Roberto de Andrade, quando os convidados chegavam de helicóptero, eram recebidos com champanhe e uísque 12 anos e ouviam o Hino Nacional entoado pela cantora Fafá de Belém. Atores como Antônio Fagundes participaram de filmagens para novela feitas nos ambientes cinematográficos da propriedade. Andrade, o dono da Boi Gordo, criou a figura do “fazendeiro do asfalto”, oferecendo bois virtuais a pessoas interessadas em ter um ganho de 42% em 18 meses. O interesse foi tão grande que em pouco tempo a empresa detinha o maior rebanho do País.

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