Copom teme inflação e por isso manteve o juro

O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, em sua última reunião, manter a taxa de juros Selic em 16% ao ano por entender que, no curto prazo, o comportamento das expectativas de inflação passou a constituir uma fonte de risco importante. A afirmação consta da ata da reunião do Copom, divulgada ontem pelo Banco Central, e indica que a taxa básica de juros pode não cair nos próximos meses. A maioria dos analistas de mercado só espera uma queda da Selic em agosto.

De acordo com a ata, no regime de metas de inflação o Copom orienta suas decisões de acordo com os valores futuros projetados para a inflação. Logo, quando essas estimativas sofrem elevação, o comitê aumenta a cautela.

“O atual contexto de dúvidas em relação à evolução do cenário externo tem gerado uma volatilidade de curto prazo que tende a aumentar a incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação, dificultando a coordenação de expectativas de agentes privados”, diz a ata.

Segundo avaliação do Copom, o cenário externo se estabilizou em alguma medida desde a reunião de maio do comitê, mas ainda persiste um ambiente de volatilidade elevada. A ata destaca que, embora as tensões do mercado de petróleo tenham se reduzido, ainda há incertezas com relação ao comportamento esperado para a taxa de juros norte-americana.

A análise feita pelo BC é de que a alta da inflação no curto prazo não contaminará a expectativa dos agentes para horizontes mais longos. Na ata, o BC lembra que a “flexibilidade inerente ao sistema de metas para a inflação poderá absorver de maneira judiciosa os choques primários” associados à pressão das variáveis externas se elas continuarem pressionadas por um período maior de tempo.

Expectativas de inflação

Durante a reunião do Copom, o cenário básico utilizado para as projeções, que incluem a manutenção da taxa de juros em 16% ao ano e a da taxa de câmbio no patamar próximo ao da véspera da reunião (R$ 3,10), a expectativa para inflação em 2004 está acima da meta de 5,5% e abaixo da meta de 4,5% para 2005.

Segundo a ata da reunião, o Copom considerou ainda as projeções para inflação para o período de 12 meses. “Trata-se de um horizonte cujos resultados serão mais sensíveis às decisões de política monetária tomadas ao longo dos próximos meses do que os do ano-calendário de 2004”, diz o documento. Segundo o BC, a inflação projetada para esse período de 12 meses, tanto no cenário básico utilizado pelo Copom quanto no de mercado, está no intervalo compreendido entre as metas centrais fixadas para 2004 e 2005.

Telefone deve subir menos

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve, em sua última reunião, a projeção de reajuste dos preços da gasolina em 9,5% para o ano de 2004. As tarifas de telefonia fixa, no entanto, devem subir 6,1% neste ano, e não mais 6,7% como se previa no mês passado.

De acordo com a ata da reunião do comitê, divulgada ontem pelo BC, o aumento do preço da gasolina anunciado pela Petrobras “ficou dentro do esperado pelo Copom e cobriu parte considerável da defasagem do preço interno em relação ao externo”.

A Petrobras anunciou um aumento de 10,8% nas refinarias no dia 15 de junho.

Com relação às tarifas de energia elétrica residencial, o BC manteve a projeção de um aumento de 11% ao longo deste ano.

Da mesma forma, também foi mantida a previsão de que os preços do gás de botijão vão subir 6,9% durante 2004.

Para o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados (tarifas públicas e preços monitorados, como o caso da gasolina), o Copom manteve a previsão de uma alta de 7,7% ao longo deste ano. Também foi mantida em 6% a projeção de reajuste dos preços administrados para 2005.

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