Copom reduz Selic para 16,50% ao ano

Brasília (AE) – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira – a Selic – em 0,75 ponto porcentual, baixando-a para 16,50%, sem viés. A decisão não foi unânime: foram 6 votos a favor do corte de 0,75 ponto percentual e 3 votos pelo corte de 1 ponto porcentual. Com a decisão, a taxa Selic cai ao menor nível desde setembro de 2004, quando o juro estava em 16% e foi elevado para 16,25%.

O comunicado da decisão foi o seguinte: ?Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 16,50%, sem viés, por 6 votos a favor e três votos pela redução em um ponto percentual?.

O texto do comunicado foi muito parecido com o da reunião anterior, mas omitiu a informação de que o Copom iria ?acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos na estratégia de política monetária implementada desde setembro de 2005?.

A última vez em que houve divisão no placar do Copom foi na reunião de dezembro de 2005, quando a taxa caiu de 18,50% para 18%, e dois diretores votaram a favor de uma queda de 0,75 ponto porcentual (um não participou, por licença médica).

A ata da reunião de ontem será divulgada no próximo dia 16, quinta-feira, às 8h30. A próxima reunião será nos dias 18 e 19 de abril.

Frustração

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, afirmou, em nota, que a sua expectativa sobre a decisão do Copom era de que o corte fosse acima de um ponto porcentual. ?Há espaço para um corte maior ainda. Eu reduziria em 1,5 ponto porcentual, mas o Banco Central vem se mostrando mais uma vez extremamente conservador?, afirmou.

A nota da CNI informa que a indústria frustrou-se com a decisão do Copom de reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual. Para a CNI, a queda do risco-Brasil, a redução das pressões inflacionárias e a tímida reação da atividade econômica seriam fatores que justificariam uma redução maior da taxa de juros. ?A atual situação da economia não justifica a manutenção de juros reais básicos tão elevados, acima de 11% ao ano?, afirma a nota.

O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara, afirmou que faltou ao Copom ?coerência com a realidade? econômica ao decidir-se por um corte de 0,75 ponto porcentual na Selic. Segundo o deputado, todos os indicadores apontavam para a possibilidade de uma decisão menos conservadora. Entre esses dados, Albuquerque mencionou, especialmente, o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação. 

Voltar ao topo