Copom projeta mais aumento da gasolina

Prepare o seu bolso e a sua paciência, pois o preço da gasolina ao consumidor deverá subir 8% ao longo de todo o ano de 2003. A previsão é do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que elevou a projeção anterior, que era de um aumento no ano de 0,2% apenas. Além da gasolina, o Copom alterou a expectativa de queda no preço do gás de botijão, de 1,6% em 2003, para uma alta de 6,4%. Essa alteração nas projeções leva em conta a alta dos preços dos derivados de petróleo no mercado internacional. Em contrapartida, o Copom está reduzindo a previsão de reajuste das tarifas de energia elétrica residencial para 2003, de 30,3% para 27,1%.

Essas são informações contidas na ata do Copom, divulgada ontem, referente à reunião do Comitê que decidiu pelo aumento na taxa de juros de 25,6% para 26,5%.

“A diminuição da projeção relativa às tarifas de eletricidade foi mais que compensada pela elevação da projeção da gasolina, gás de botijão, ônibus urbano e ônibus intermunicipal”, diz a ata do Copom. Diante disso, a expectativa é de que os preços administrados por contrato (tarifas públicas) e monitorados (como é o caso da gasolina) tenham um aumento de 15,9% em 2003 e não mais de 14% como projetado em janeiro. Desse total, segundo a ata, 3,8% já ocorreram em janeiro.

Para 2004, o Copom também elevou a projeção de aumento dos preços administrados por contrato e monitorados de 8% para 8,7%. “A elevação de 0,7 ponto percentual deveu-se à revisão das expectativas de mercado para o IGP-M, uma vez que o Copom supõe que todos os itens administrados e monitorados por contrato seguem a variação do IGP-M para aquele ano”, diz o documento do BC.

Otimismo versus pessimismo

O mercado já esperava uma mudança na projeção do Copom para a alta da gasolina em 2003, pois trabalha com a expectativa de reajuste de 4% ainda na virada deste mês no preço do produto.

Na sexta-feira passada, relatório internacional do banco alemão Dresdner Kleinwort Wasserstein, destacava que o reajuste da gasolina no Brasil era iminente e chamou de “excessivamente otimista” a previsão da ata do Copom, feita no mês passado, de que a gasolina terminará 2003 com um aumento médio de 0,2% em relação ao ano passado.

“O reajuste do preço da gasolina é iminente”, disse o banco alemão, citando a declaração do diretor financeiro da Petrobras, José Gabrielli, em teleconferência com analistas estrangeiros. Segundo o relatório, Gabrielli voltou a dizer que o aumento da gasolina anunciado em dezembro passado foi insuficiente para compensar o recente aumento dos preços do barril de petróleo no mercado internacional.

“A última ata do Copom projetou um aumento de 0,2% no preço da gasolina para o consumidor este ano. Essa previsão supõe evidentemente uma queda do preço do petróleo logo o conflito no Oriente Médio acabar, considerando que não haverá prejuízos para os campos de petróleo ou que o conflito não chegará a ser mais longo do que o esperado”, diz o banco alemão.

Risco-Brasil opera em 1.211 pontos

O risco-país brasileiro continua sua trajetória de queda e atingiu ontem não só seu menor nível no ano, mas o menor valor desde 11 de junho de 2002, quando fechou a 1.208 pontos antes dos ativos brasileiros sofrerem com as tensões pré-eleitorais. O indicador, que calcula a diferença, em centésimos de pontos percentuais, entre os juros pagos pelos títulos da dívida do Brasil e os títulos dos EUA, operou ontem a 1.211 pontos, em queda de 1,7%.

Já o principal título do país negociado no exterior, o C-Bond, avançou 0,77% para 73,5% do valor de face – também a melhor cotação desde junho do ano passado.

Segundo analistas, as más perspectivas econômicas para os EUA – anteontem o índice de confiança do consumidor anunciado exibiu queda de 14,4 pontos – são reforçadas pelo cenário de possível guerra no Iraque e levam boa parte dos investidores a tirar dinheiro do mercado de ações, que opera com baixas históricas, e realocá-lo no mercado de renda fixa (títulos) norte-americano.

A “sobra” desse dinheiro tradicionalmente é destinada a mercados emergentes, entre os quais o Brasil se tornou o alvo preferencial após a equipe econômica empossada em janeiro demonstrar austeridade com as metas fiscais e a política monetária.

Grandes fundos ainda teriam capital disponível para aplicar em papéis brasileiros, que com a onda de insegurança política no ano passado tornaram-se demasiadamente baratos, chegando a recuar para menos da metade de seus valores de face.

Vale lembrar que uma vez consumada a guerra, entretanto, essa tendência pode mudar novamente, já que esse dinheiro aplicado é extremamente volátil.

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