Copom prevê que inflação cai abaixo da meta

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) avalia que a convergência da inflação para as metas e a estabilidade da economia ajudarão no processo de redução das taxas de juros, indicando que novos cortes devem ocorrer nos próximos meses. Pela primeira vez o comitê também divulgou a previsão de que a inflação fique abaixo da meta neste ano, mesmo com o reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras no começo deste mês.

?A flexibilização da política monetária não comprometerá as importantes conquistas dos últimos meses no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico com geração de empregos?, diz a ata da última reunião do comitê, que reduziu a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 19,75% para 19,5% ao ano. Ainda de acordo com o documento, o comitê vê espaço para a redução dos juros e que esse processo se dará de forma natural.

?A convergência ininterrupta da inflação para a trajetória de metas e a resultante consolidação de um cenário de estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão para a manutenção do processo de redução progressiva da percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos. O espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de forma natural, como conseqüência dessa melhora de percepção.?

Para o Copom, a atuação da política monetária aumentou as chances da inflação convergir para a meta, que é uma IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1% neste ano. Além disso, pela primeira vez o comitê traçou um cenário em que a inflação fica abaixo da meta. O chamado cenário de referência considera uma taxa Selic de 19,75% ao ano e a cotação do dólar a R$ 2,35. O comitê, entretanto, não deixa claro qual seria o percentual abaixo da meta previsto para este ano.

De acordo com a ata, essa redução foi possível devido ao resultado da inflação de agosto (0,17%), e a reavaliação de reajuste de alguns preços administrados, que na visão do Copom compensaram os efeitos do aumento do preço da gasolina.

No última dia 9, a Petrobras anunciou um reajuste de 10% para a gasolina e de 12% para o diesel. Para os diretores do BC, mesmo com os preços elevados do petróleo no mercado internacional, o reajuste promovido pela Petrobras serviu para reduzir a incerteza sobre a evolução dos preços.

?O recente reajuste do preço doméstico da gasolina reduziu um foco de incerteza importante na construção de cenários para a evolução dos preços em 2005 e, principalmente, 2006. Assim, continua se configurando, de maneira cada vez mais definida, um cenário benigno para a evolução da inflação?, diz o documento.

Mais uma vez o Copom reafirmou que a expansão da atividade econômica não irá gerar pressões ?significativas? sobre a inflação.

Preços administrados

O BC elevou a projeção para os preços da gasolina no acumulado de 2005, passando de 0% na reunião de agosto, para 7,5% em setembro. No entanto, as estimativas para o gás de botijão foi reduzida de 0% para -1,7%.

Segundo a ata divulgada ontem, os reajustes projetados para as tarifas de telefonia fixa foram elevados em 0,06 ponto percentual, passando de 6,1% para 6,7%. Já as estimativas para o reajuste das tarifas de energia elétrica residencial para o ano foram reduzidas, passando de 8,2% para 7,6%.

O BC também elevou a projeção para o conjunto dos preços administrados em 2005. Em agosto, a estimativa era de avanço de 7%, passando para 7,8% na reunião de setembro. Por sua vez, a projeção para o reajuste dos preços administrados foi reduzida para 5,3%, contra 5,7% da reunião anterior.

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