Copa do Mundo ?derrubou? a produção

Foto: Arquivo/O Estado

Ministro Furlan: otimismo para os próximos meses.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, atribuiu a queda da produção industrial divulgada ontem (veja página 26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) à Copa do Mundo. Segundo ele, os negócios tanto do comércio quanto da indústria ficaram praticamente paralisados nos dias de jogos, o que puxou para baixo os números de junho. Segundo ele, os números de julho e início de agosto, aos quais ele teve acesso, ?estão bem mais alentadores?, disse em evento em São Paulo.

Furlan afirmou estar otimista com a economia brasileira, e explicou que isso se deve à percepção que adquiriu depois de quase quatro anos em Brasília de que as mudanças necessárias para se alcançar os objetivos econômicos dependem apenas dos brasileiros.

?Deixamos de ter entraves externos e, é claro, isso estimula investimentos, produção, emprego e crescimento?, afirmou, explicando a seguir: ?Hoje, com a dívida pública coberta pelas reservas atuais, nosso risco internacional (risco Brasil) vai continuar a cair e os juros, também, vão acompanhar a queda?, afirmou.

Questionado sobre qual o câmbio ideal para o crescimento econômico do Brasil, o ministro brincou: ?O dólar ideal é sempre o pote do arco-íris. Quando estamos chegando perto, ele muda de lugar?. Em seguida, emendou que um dólar muito mais estável hoje e a perspectiva de melhoria com o pacote cambial poderão dar alento aos exportadores que têm se sentido prejudicados nos últimos anos.

Furlan disse que o governo não revisará os números da balança comercial neste ano, apesar de ele próprio ter dito que as estimativas seriam feitas no início do segundo semestre. Segundo Furlan, ?a revisão? do governo é que a previsão feita no início do ano está se concretizando: exportações de US$ 130 bilhões e superávit acima de US$ 40 bilhões. Em janeiro, Furlan disse que seu ministério divulgaria a projeção de importações para o ano, mas até agora, nada foi informado.

O ministro afirmou que o aumento das exportações (15%) e das importações (25%) sobre o mesmo período do ano anterior não afeta a projeção de superávit para o ano. Em 12 meses acumulados até julho, o superávit comercial está na casa dos US$ 45 bilhões um valor que, segundo o ministro, é ?exagerado?. ?Espero uma redução?, afirmou.

Na avaliação de Furlan, embora o crescimento das vendas externas neste ano seja de 12%, será possível às exportações crescerem a uma média de 20% ao ano até 2010, fim do próximo governo, fazendo com que o valor fique em torno de US$ 300 bilhões. Esse incremento, porém, depende da execução de uma série de investimentos, sobretudo em infra-estrutura, hoje sobrecarregada para o comércio exterior, além da redução da burocracia, que vem sendo realizados pouco a pouco. Segundo o ministro, as vendas externas no governo Luiz Inácio Lula da Silva devem crescer 120% sobre 2002.

Pacote cambial

Furlan não acredita que a fiscalização a ser realizada pela Receita Federal sobre a parcela dos recursos de exportadores a ser mantida no exterior (sem cobertura cambial) inibirá a adesão dos empresários ao benefício. A publicação da MP 315, segundo Furlan, é o início de um processo de mudanças cambiais, que ainda será detalhado na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), e só depois será regulamentada. ?Somente a partir daí teremos uma visão mais clara da utilização do benefício pelos empresários. Mas acredito que grandes exportadores e importadores vão aderir completamente ao benefício?, disse o ministro.

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