Conta corrente tem superávit de US$ 13 bilhões

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Altamir Alves, do Depec: resultado ficou próximo das estimativas do BC.

A conta corrente do balanço de pagamentos apresentou em dezembro superávit de US$ 388 milhões, fechando o ano com saldo positivo de US$ 13,528 bilhões. Esse montante é correspondente a 1,41% do PIB, informou ontem o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. O resultado do mês ficou próximo do piso das estimativas do mercado, de US$ 300 milhões, e bem abaixo da mediana, de US$ 1,450 bilhão. Ainda assim, o volume foi superior às estimativas do BC, que eram de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões.

 O resultado da conta corrente em dezembro foi determinado por um superávit de US$ 5,011 bilhões na balança comercial e um déficit de US$ 4,979 bilhões na conta de serviços e rendas. As transferências unilaterais somaram US$ 356 milhões. Em dezembro de 2005, o saldo em conta corrente foi positivo em US$ 530 milhões, determinado por superávit comercial de US$ 4,330 bilhões, déficit na conta de serviços e rendas de US$ 4,136 bilhões e transferências unilaterais positivas de US$ 335 milhões.

Em 2006, a balança comercial contribuiu com superávit de US$ 46,074 bilhões, a conta de serviços e rendas com déficit de US$ 36,852 bilhões e as transferências unilaterais foram positivas em US$ 4,306 bilhões. Em 2005, a conta corrente teve superávit de US$ 13,985 bilhões, correspondentes a 1,76% do PIB. Naquele ano, o resultado foi determinado por superávit comercial de US$ 44,703 bilhões, déficit de US$ 34,276 bilhões na conta de serviços e rendas e transferências unilaterais positivas em US$ 3,558 bilhões.

Dívida externa cai

A dívida externa fechou 2006 em US$ 168,867 bilhões, de acordo com dados estimados e divulgados ontem pelo Departamento Econômico do Banco Central. Ao final de 2005, a dívida estava em US$ 169,450 bilhões. A dívida de médio e longo prazos terminou 2006 em US$ 151,655 bilhões e a de curto prazo, em US$ 17,213 bilhões. Em 2005, a dívida de médio e longo prazos havia ficado em US$ 150,674 bilhões e a de curto prazo, em US$ 18,776 bilhões.

De acordo com os dados do Depec, a dívida em relação ao PIB terminou o ano passado em 17,6%. Em 2005, era de 21,3% do PIB.

Rolagem

A taxa de rolagem dos empréstimos externos de médio e longo prazos em dezembro foi de 12%. Em novembro, a taxa de rolagem havia ficado em 433%. No ano de 2006, a taxa de rolagem dos empréstimos externos foi de 192%, ante os 82% de 2005.

De acordo com os dados do Banco Central, a taxa de rolagem dos empréstimos feitos com emissão de títulos no exterior foi de 147% em dezembro. Nos empréstimos diretos, a taxa de rolagem no último mês do ano passado foi de 5%. Em todo o ano passado, a taxa de rolagem dos empréstimos com títulos foi de 1,67%. Nas operações de empréstimos diretos, a taxa de rolagem ficou em 210% Em 2005, o nível de rolagem dos empréstimos feitos com a emissão de título foi de 77% e o dos empréstimos diretos foi de 98%.

Remessas de lucros para o exterior prejudicaram o saldo

Brasília (AE) – O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, explicou que o superávit mais baixo na conta corrente em dezembro foi determinado basicamente pelo maior volume de remessas de lucros e dividendos, que no mês somaram US$ 3,081 bilhões. ?Dezembro é um mês que sazonalmente tem remessas elevadas?, disse Altamir, lembrando que o resultado efetivo da conta corrente (US$ 388 milhões) ficou próximo dos cerca de US$ 200 milhões projetados por ele no mês passado.

?Já sabíamos que havia um volume elevado de remessas no mês passado?, disse Altamir, explicando que o crescimento em relação aos US$ 2,247 bilhões de dezembro de 2005 tem relação com a taxa de câmbio e com o estoque de Investimento Externo Direto (IED) no País. Altamir considera que a distância do resultado da conta corrente em relação às projeções do mercado refere-se, provavelmente, às estimativas sobre as remessas de dívidas e dividendos.

Apesar do desempenho mais fraco da conta corrente em dezembro, Altamir considerou o ano de 2006 altamente positivo para o setor externo. Segundo ele, o superávit em conta corrente do ano passado foi motivado pelo superávit comercial recorde. Ele destacou também o comportamento do fluxo dos investimentos estrangeiros diretos. ?O IED trouxe um número bastante positivo surpreendendo ao mercado, mas não a nós, que já trabalhávamos com US$ 18 bilhões e o resultado ficou em US$ 18,7 bilhões?, diz Altamir.

Segundo ele, os números positivos do setor externo permitiram ao governo acumular reservas e também mudar significativamente a composição do endividamento externo do País, com redução da dívida do setor público. Segundo ele, houve elevação na dívida privada porque as empresas aproveitaram o ambiente internacional de menor aversão ao risco.

Setor turístico registrou o melhor ano da história

São Paulo (AE) – Os números do Banco Central (BC) divulgados ontem sobre as receitas com viagens de estrangeiros ao Brasil mostram que 2006 foi o melhor ano da história do turismo brasileiro, afirma a Embratur. De acordo com boletim do BC, houve entrada de US$ 400 milhões em dezembro e o ano fechou com US$ 4,316 bilhões provenientes de gastos de turistas estrangeiros no País. O valor supera em 11,77% os US$ 3,861 bilhões registrados em 2005, até então a melhor marca da série histórica iniciada em 1969.

Presente à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), uma das principais feiras do setor na Europa, o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, comemorou o resultado ao lado da presidente da Embratur, Jeanine Pires. ?O recorde de US$ 4,3 bilhões comprova que o turismo do Brasil atravessa um momento histórico, apesar dos problemas verificados na aviação civil recentemente. Em nenhum outro governo havíamos registrado mais do que US$ 2 bilhões de receita cambial turística?, disse Mares Guia, em nota à imprensa, destacando a criação do Ministério do Turismo em 2003.

Mares Guia disse que o resultado poderia ter sido muito maior. ?Cerca de 400 mil turistas estrangeiros deixaram de visitar o País na esteira da crise financeira e operacional da Varig. Cada um deles gastaria, em média, US$ 100 por dia?, afirmou.

Entre os empresários e autoridades de turismo no estande brasileiro na BTL, Jeanine lembrou que ainda em novembro os resultados já superavam todo o valor de 2005 e destacou a importância da parceira entre os setores público e privado.?Em novembro já registrávamos uma receita acumulada de US$ 3,916 bilhões, batendo todo o ano de 2005. Nós só conseguimos esses resultados devido ao trabalho conjunto da iniciativa privada e governo no esforço de promoção do Brasil no exterior.?

Com o acréscimo de dezembro, que corresponde ao início da alta temporada para o turismo receptivo de estrangeiros no País, fechou-se o quinto ano consecutivo de expansão do ingresso de divisas no País por meio do turismo internacional. Os US$ 4 316 bilhões do ano passado representam um aumento de 116,02% sobre os US$ 1,998 bilhão apurados em 2002, primeiro ano da seqüência positiva. Em 2003 foram US$ 2,479 bilhões, US$ 3,222 bilhões, em 2004; e US$ 3,861 bilhões, em 2005.

Na comparação mês a mês, a entrada de US$ 400 milhões em dezembro de 2006 supera em 11,35% os US$ 360 milhões obtidos em dezembro do ano anterior. Esse valor é praticamente igual ao recorde mensal, de US$ 402 milhões, em janeiro de 2006. ?Mesmo com a crise da Varig e outros problemas que a aviação civil sofreu ao longo de 2006, o ano foi bastante positivo face ao crescimento qualitativo do gasto dos turistas estrangeiros no Brasil?, avaliou o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes.

Os dados divulgados pelo BC contabilizam os gastos feitos por meio de cartões de crédito e trocas oficiais de câmbio, mas não consideram as trocas não oficiais de moeda. As adversidades da aviação civil brasileira em 2006 tiveram pequeno impacto nos desembarques internacionais de passageiros, que incluem estrangeiros e brasileiros em retorno ao Brasil. Foram registrados 6.330.144 desembarques (em vôos regulares e fretamentos), 6,75% inferior ao registrado em 2005 (6.788.233 passageiros).

A queda acompanha a redução de 6,6% na quantidade de assentos oferecidos pelas companhias aéreas no período. A variação corresponde a uma perda líquida de 480.612 lugares, como reflexo da crise da Varig. Somente a companhia aérea respondeu pela retirada de 1,2 milhão de assentos do mercado. Em contrapartida, outras companhias ofereceram 722 mil novos lugares até dezembro.

Já os desembarques internacionais em vôos charters (fretamentos) confirmaram uma trajetória de crescimento: foram 422.118 passageiros em 2006, contra 349.654 desembarcados em 2005, desempenho 20,73% superior. Os vôos charters transportam exclusivamente turistas estrangeiros.

?É importante destacar que os charters mostraram consistência e tendência de incremento ao longo de praticamente todo o ano. Muitas vezes, chegam também em locais que não contam com vôos regulares, o que contribui para o desenvolvimento regional?, comentou Lopes.

Voltar ao topo