Com desvalorização do yuan, China reduz apetite por commodities no curto prazo

O apetite da China por commodities deve diminuir no curto prazo, após a decisão do país de desvalorizar sua moeda, ainda que um yuan mais fraco possa impulsionar as exportações de aço. Como um dos maiores compradores globais de commodities, a decisão da China de desvalorizar o yuan – na prática reduzindo o valor das exportações e elevando o custo das importações para o mercado doméstico – deve aprofundar as quedas nos preços do cobre, do alumínio e de outros metais. A China consome quase a metade da produção anual de metais do mundo.

Commodities que já estão em mínimas em vários anos, devido aos temores sobre a desaceleração econômica chinesa e o fortalecimento do dólar – a moeda em que a maioria delas é precificada -, sofreram imediatamente com a ação do Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês). A medida também pressionou as moedas de países dependentes de commodities, como Austrália, Brasil e Nova Zelândia.

“No curto prazo, isso é mais uma má notícia para os preços das commodities. Uma moeda chinesa mais fraca deve significar uma demanda mais fraca para as commodities produzidas internacionalmente”, disse Paul Bloxham, economista-chefe para Austrália e Nova Zelândia do HSBC.

“Quando o petróleo se torna mais caro, isso deve prejudicar a demanda da China”, afirmou Daniel Ang, analista de investimentos da Phillip Futures. Segundo ele, os preços do petróleo podem cair mais. Economista do OCBC Bank em Cingapura, Barnabas Gan disse que a desvalorização pode prejudicar a demanda por ouro.

No caso do minério de ferro, a China é o maior comprador global do produto, usado como ingrediente no aço. O governo chinês está encorajando os produtores domésticos a elevar suas exportações de commodities refinadas, como alumínio, para se contrapor à desaceleração no consumo doméstico. “Esta decisão sinaliza claramente que a China tenta impulsionar as exportações”, disse Mark Pervan, chefe de pesquisas em commodities do ANZ Bank. Segundo ele, o yuan desvalorizado pode ajudar as empresas exportadoras de aço, produtos refinados de petróleo e de alumínio.

Analistas esperam uma divergência temporária entre os preços futuros do minério de ferro e o preço no mercado à vista, estabelecido em dólares uma vez ao dia. Mas Bloxham, do HSBC, disse que por fim a demanda mais fraca, graças ao yuan, prejudicará também os preços do minério de ferro. Ainda pressiona o minério de ferro o fato de que Pequim planeja fechar temporariamente várias siderúrgicas perto de cidades antes de 3 de setembro, quando haverá uma parada para comemorar o fim da Segunda Guerra na China. Analistas dizem, porém, que isso impulsionou uma alta temporária nas importações chinesas em julho.

Ainda assim, o impacto do yuan será menos importante para o preço do minério de ferro que os esforços de Pequim para estimular a economia, disse Angus Nicholson, analista da IG em Melbourne. Uma recuperação econômica mais forte da economia chinesa seria algo positivo para os preços das commodities e ajudaria a reverter o atual pessimismo, afirmou Helen Lau, analista sediada em Hong Kong da Argonaut Securities. Fonte: Dow Jones Newswires.

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