CNI defende ações rigorosas contra inflação

A piora do cenário econômico brasileiro no começo de 2011 demandará do governo ações mais rigorosas e eficazes no combate à inflação, principalmente no que se refere à política fiscal. A avaliação foi feita hoje pelo gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.

“A inflação está em alta, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) reduziu em intensidade e a forte entrada de recursos no País deve manter o real sobrevalorizado”, afirmou o economista, após a divulgação pela CNI de novas estimativas para os indicadores econômicos em 2011. A projeção de crescimento do PIB caiu de 4,5% para 3,5% – menos que a metade da expansão verificada em 2010 -, enquanto a previsão para o IPCA aumentou de 5% para 6% este ano.

Segundo Castelo Branco, além das pressões inflacionárias decorrentes dos preços internacionais das commodities alimentícias, a alta dos preços no País também reflete o aumento dos custos salariais em outros setores, principalmente em serviços. “O salário médio da indústria aumentou 46% nos últimos quatro anos em moeda americana. O aumento dos custos salariais está além do crescimento da produtividade, o que compromete a rentabilidade da indústria, reduz sua competitividade e afeta investimentos”, completou o economista. Segundo a CNI, o PIB industrial deve aumentar apenas 2,8% em 2011, em vez dos 4,5% previstos anteriormente.

Nesse sentido, para Castelo Branco, o combate à inflação deveria ser mais concentrado na política fiscal via redução dos gastos do governo, em vez do uso intenso da política monetária, que deve continuar em 2011. “A política fiscal vem sendo subutilizada no controle da inflação. Política monetária tem sido a mais usada, via aumento de juros ou pelas chamadas medidas macroprudenciais, que têm como consequência o aumento do custo do capital, reduzindo a oferta de recursos”, disse o economista, lembrando que apesar dos cortes no orçamento divulgado pelo governo, Estados e Municípios ainda não contiveram despesas. “É preciso manifestação explícita de metas fiscais mais rigorosas por períodos mais longos”, completou.

Castelo Branco também reafirmou a preocupação da CNI com a forte entrada de recursos no País, que pressiona a valorização do real ante o dólar, prejudicando ainda mais a competitividade dos produtos brasileiros em relação aos fabricados em outros países. “O real tem experimentado a maior valorização desde a década de 1990, tanto em relação ao dólar quanto a uma cesta de moedas”, afirmou. “Ainda assim, com o aumento dos preços das commodities, as contas externas devem receber reforço pelo lado das exportações”, concluiu.

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