Chipre poderia ter evitado problemas, diz ministro

Se o Chipre tivesse prestado mais atenção ao rápido crescimento do seu setor bancário e consolidado mais cedo as suas dívidas, o país poderia ter evitado os problemas fiscais que enfrenta agora, segundo o ministro de Relações Exteriores cipriota, Ioannis Kasoulides.

Falando à rádio BBC, Kasoulides disse que o parlamento do país deve aprovar o plano de resgate de 10 bilhões de euros (US$ 13 bilhões) e implementar as rígidas medidas de austeridade exigidas, mas que a necessidade de um resgate tão grande poderia ter sido evitada. “Medidas para a consolidação fiscal deveriam ter sido tomadas muito antes, quando teriam sido menos dolorosas do que serão hoje”, afirmou, acrescentando que o setor bancário cresceu rapidamente e que ações para segurar esse crescimento deveriam ter sido tomadas.

Sob os termos do acordo alcançado com seus credores internacionais este mês, o Chipre concordou em implementar medidas no valor de 13 bilhões de euros para consertar suas finanças públicas e reestruturar seu setor bancário. As medidas incluem uma série de aumentos de impostos, privatizações e cortes de gastos no setor público. Ao mesmo tempo, o governo cipriota concordou em fechar os maiores bancos do país, o que vai gerar perdas aos depositantes do Banco do Chipre e do Banco Popular do Chipre.

Kasoulides afirmou que as medidas de austeridade serão duras para a pequena economia cipriota, mas que elas serão implementadas conforme o combinado, independentemente dos ministros do país acreditarem que elas são certas. “Se as medidas não funcionarem, então as pessoas terão que aceitar que o programa estava errado”, disse. “Não haverá a desculpa de que não implementamos o que foi exigido.”

Mesmo com a possibilidade de as medidas provocarem uma recessão mais profunda, o ministro expressou otimismo. “Em uma economia pequena como a do Chipre, as coisas podem desandar rapidamente, mas também podem melhorar rapidamente.”

Parlamento

A agência estatal de notícias CNA informou hoje que os parlamentares do Chipre iniciarão na próxima terça-feira o debate sobre o pacote de resgate de 10 bilhões de euros do país. O pacote deve ser ratificado antes que a ilha possa receber qualquer ajuda.

Ainda não se sabe se uma votação ocorrerá no mesmo dia ou se será adiada devido aos debates.

Parlamentares da oposição têm expressado hostilidade em relação ao alto custo do resgate, que subiu de 17,5 bilhões de euros para 23 bilhões de euros, colocando mais pressão sobre a economia.

Também será discutido na terça-feira um projeto exigido pelo pacote de resgate que arrecadaria 75 milhões de euros com o aumentos dos impostos sobre propriedades imóveis. Se tudo ocorrer conforme o planejado, o Chipre espera sua primeira parcela de ajuda em maio. As informações são da Dow Jones.