Cesta básica teve deflação em junho

Depois de cinco meses de alta, a cesta básica finalmente caiu em Curitiba no mês de junho: 4,94%. A deflação foi puxada especialmente pela queda nos preços do tomate e da batata. Com o resultado de junho, a cesta acumula no ano aumento de 8,01% e, nos últimos 12 meses, queda de 0,32%. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).

Dos 13 itens que compõem a cesta básica, dois tiveram alta, sete registraram queda e quatro ficaram estáveis. A batata, com queda de 24,88%, foi um dos principais itens que puxaram para baixo a cesta, com o preço médio do quilo passando de R$ 2,17 em maio para R$ 1,63 em junho. ?Apesar da queda, o preço da batata ainda está em patamar elevado?, observou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR. Em dezembro passado, o quilo da batata custava R$ 1,06 em média em Curitiba. A queda em junho, segundo Silva, se deve à intensificação da colheita e ao clima mais regular. O preço da batata caiu em todas as nove regiões metropolitanas pesquisadas pelo Dieese.

Outro produto que registrou redução de preço foi o tomate (-20%), com o quilo passando de R$ 2,05 para R$ 1,64, em média. A intensificação da colheita e o clima foram os principais fatores que influenciaram na queda do preço. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, 12 tiveram queda no preço do tomate. Além desses dois itens, outros que registraram redução de preço em junho foram a manteiga (-3,85%), a banana (-3,26%), a carne (-1,47%), o pão (-0,95%) e o feijão (-0,74%).

Já os aumentos ficaram por conta do leite (alta de 1,59%) e do óleo de soja (0,43%). O arroz, a farinha de trigo, o café e o açúcar permaneceram com os preços estáveis na comparação com maio.

Patamar elevado

De acordo com o economista Sandro Silva, apesar de o tomate e a batata terem registrado queda em junho, ambos continuam em patamares elevados de preço. No primeiro semestre, a batata foi o produto que mais subiu na cesta básica de Curitiba – alta de 53,77% – seguida pelo tomate (36,67%). Também acumulam alta no ano a banana (10,56%), o café (10,44%), o pão (8,64%), a farinha de trigo (7,94%), o leite (7,56%), o feijão (5,51%), o açúcar (4,20%) e a carne (1,17%). Na contramão, acumulam queda no preço o arroz (-11,93%), o óleo de soja (-7,94%) e a manteiga (-0,68%).

Ainda segundo Sandro Silva, o índice acumulado no primeiro semestre (8,01%) é o maior já registrado em Curitiba, desde 2001. Segundo ele, historicamente a cesta básica fecha em queda no primeiro semestre e alta no segundo. No ano passado, no entanto, a tendência não se confirmou: no primeiro semestre a cesta básica fechou com elevação de 6,12%, mas, no ano, houve queda de 2,06%. ?É difícil fazer este tipo de previsão. De janeiro a maio, por exemplo, o acumulado da cesta básica era de alta de 13,62%. Agora em junho, já caiu para 8,01%?, comentou.

Custo

Em junho, o custo da cesta básica para um trabalhador em Curitiba foi de R$ 168,40. Para uma família composta por um casal e duas crianças, a alimentação custou R$ 505,20. Na comparação com outros estados, Curitiba possui a quinta cesta básica mais cara do País (R$ 168,40). Na variação, Curitiba registrou a quarta maior queda (-4,94%).

Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para atender necessidades básicas de um trabalhador, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme prevê a Constituição Federal, deveria ser de R$ 1.538,56, o que corresponde a 5,12 vezes o piso vigente de R$ 300,00.

Previsão

Para julho, segundo Sandro Silva, a previsão é de nova queda do custo da cesta básica, especialmente por conta da batata e do tomate, cujos preços devem continuar caindo. Um dos itens, porém, que pode registrar aumento é a carne bovina. ?Se esfriar muito, pode reduzir a produção de carne e aumentar o preço?, apontou. ?Tudo depende da questão climática.?

Queda foi registrada em doze capitais

O preço da cesta básica caiu em junho em 12 das 16 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Segundo o levantamento divulgado ontem, as maiores quedas ocorreram em Brasília (-7,37%), Belo Horizonte (-6,81%), Belém (-5,08%) e Curitiba (-4,94%). Os gêneros alimentícios tiveram alta somente em cidades do Nordeste: Aracaju (3,06%), João Pessoa (3%), Fortaleza (1,96%) e Recife (1,01%), localidades onde o preço do tomate subiu. Em maio, o custo da cesta básica havia aumentado em todas as capitais.

Apesar da queda em junho, a cidade de São Paulo passou a ter a cesta básica mais cara do Brasil (R$ 183,14). Porto Alegre, que estava no topo do ranking até o último levantamento, ficou em segundo lugar, com o preço de R$ 182,05. Logo em seguida aparecem Brasília, com R$ 173,01, Rio de Janeiro (R$ 172,26) e Curitiba (168,40). A cesta mais barata do País pode ser comprada em Salvador (R$ 136,95) e em Natal (R$ 139,74). Na capital da Bahia, o preço caiu em junho 2,46%. Já no Rio Grande do Norte, a queda foi de apenas 0,70%.

Entre janeiro e junho, todas as 16 capitais registraram variação positiva para o custo da cesta básica. As maiores altas ocorreram em Recife (20,69%), Fortaleza (16,41%) e João Pessoa (14,20%). Os menores aumentos foram apurados em Brasília (2,54%), Belém (2,78%), Rio de Janeiro (4,16%) e Porto Alegre (4,18%). Em 12 meses – entre julho de 2004 e junho deste ano – três cidades apresentaram variação acumulada negativa: Natal (-0,11%), Curitiba (-0,32%) e Porto Alegre (-0,56%).

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