Carne faz custo da cesta básica subir 4,13%

O aumento do preço da carne vermelha em Curitiba provocou, em outubro, a elevação do custo da cesta básica, que fechou o mês com alta de 4,13%. Foi a maior variação desde maio do ano passado, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), e a maior no mês entre as 16 capitais pesquisadas. A carne, sozinha, aumentou 6,57%, com o quilo do coxão mole passando de R$ 8,51 em setembro para R$ 9,07 em outubro. Caso o preço da carne vermelha tivesse permanecido estável, a cesta básica de Curitiba teria subido 1,74% e não 4,13%. Com os dados de outubro, a cesta acumula aumento de 5,55% no ano e de 1,01% nos últimos 12 meses.

Segundo o economista do Dieese-PR, Sandro Silva, o preço da carne já vinha com tendência de alta, com o preço médio do quilo passando de R$ 8,15, em agosto, para R$ 8,51, em setembro. Para Silva, a elevação demonstrava a recuperação da margem de lucro dos produtores. ?Com a aftosa, a expectativa era que o preço caísse, já que muitos países pararam de comprar carne vermelha, aumentando assim a oferta de carne no mercado interno. Mas essa queda não ocorreu até agora, talvez por ser um fato recente?, apontou o economista.

Para ele, a incerteza quanto aos focos de aftosa no Paraná também pode ter contribuído para o aumento de preços. ?A incerteza acaba tendo um efeito negativo. Com a indefinição de preços e oferta, os frigoríficos não estão mais trabalhando com estoques. Estão comprando menos e fazendo com que a produção reduza. Há o mesmo movimento de precaução entre os pecuaristas, e o varejo também está aguardando?, analisou. Para Silva, ?dependendo do desenrolar da crise?, é possível que haja uma reversão e o preço da carne caia. ?No atacado, isso já vem ocorrendo. Mas por enquanto a queda ainda não chegou ao varejo.? O preço médio do coxão mole a R$ 9,07, lembrou, é o maior já verificado pelo Dieese. Até então, o recorde havia sido em dezembro de 2003, quando o quilo chegou a custar R$ 9,06.

Em outubro, a carne representou 36,37% do custo da cesta básica em Curitiba. ?É por isso que qualquer oscilação nos preços reflete no custo da cesta?, explicou Silva. A carne é o item que mais pesa no custo da cesta básica, seguida pelo pão, com peso de 14,95%. Em nível nacional, o preço da carne vermelha subiu em 14 das 16 capitais pesquisadas.

Outros itens

Outros itens que registraram aumento de preço em outubro foram o tomate (21,23%), que está em período de entressafra; a farinha de trigo (5,08%), batata (3,66%), banana (3,09%), arroz (2,11%) e pão (0,49%). Já os produtos que tiveram queda no preço foram o óleo de soja (-4,81%), leite (-4,26%), açúcar (-4,07%), café (-1,35%), feijão (-0,72%) e manteiga (-0,35%).

Em outubro, a cesta básica em Curitiba custou R$ 164,57. Foi a quarta cesta mais cara do País, atrás de São Paulo (R$ 174,77), Porto Alegre (R$ 168,34) e Brasília (R$ 164,57). Quanto à variação, Curitiba registrou a maior variação (4,13%) entre as 16 capitais pesquisadas. A menor foi verificada em Porto Alegre, onde houve deflação de 3,03%.

Segundo levantamento do Dieese, o salário mínimo necessário para suprir necessidades vitais básicas do trabalhador, como alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, conforme prevê a Constituição Federal, deveria ser de R$ 1.468,24.

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