Carne bovina não sofre efeito dos embargos

São Paulo (AE) – Mesmo com o embargo de 56 países à carne bovina brasileira, as exportações do produto deverão bater novo recorde este ano. Projeção da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostra que, mantidos os embargos, a receita deverá crescer entre 15% e 20% sobre os US$ 3,15 bilhões apurados em 2005. O volume embarcado deverá ser entre 3% e 5% superior às 2,39 milhões de toneladas do ano passado. Mas se os embargos forem retirados, especialmente o da Rússia, as exportações poderão crescer entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões por mês. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.

Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente da Abiec, argumenta que parte do aumento esperado virá de mercados emergentes, como Cuba, Argélia e Leste Europeu, e outra parte de mercados mais tradicionais. O executivo considera que o número de países que atualmente proíbe a entrada de carne brasileira não é significativo e que o maior desafio, agora, é ganhar receita e não volume. ?Muitos países que anunciaram embargo nem compravam carne do Brasil e 25 deles são da União Européia. A melhor forma de mantermos a rentabilidade das exportações é conquistar mercados mais sofisticados com cortes mais nobres e preços melhores?, diz.

A idéia é seguir o exemplo da Austrália, segundo maior exportador, que vende menos em volume, mas tem receita maior por conta do preço da carne australiana, cerca de 300% maior que o da brasileira.

A Rússia, um dos maiores compradores do País, é um dos países que baniram a carne de quase todos os estados brasileiros. Pratini não quis prever quando o governo russo suspenderá o embargo, mas espera um acordo para breve. ?Não há muitos fornecedores de carne disponíveis no mundo neste momento?, afirma.

Recorde – No primeiro semestre, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram 0,54% em volume, para um total de 1,157 milhão de toneladas em equivalente carcaça, ante 1,151 milhão de t. no mesmo período do ano passado. A receita obtida com essas vendas somou US$ 1,716 bilhão, 16,2% mais que no mesmo período do ano passado, quando US$ 1,477 bilhão foram apurados.

Apenas em junho, a exportação do produto totalizou 221 mil toneladas, 2,8% menos que no mesmo mês de 2005, quando 228,3 mil toneladas foram embarcadas. A receita foi recorde: US$ 351 milhões, ante US$ 305 milhões no mesmo período do ano passado, um aumento de 15% no período.

De acordo com Pratini de Moraes, presidente da Abiec, houve ganho de preço na maioria dos mercados, mas o aumento das receitas não compensou a desvalorização do dólar no primeiro semestre, de cerca de 24%.

As vendas para a Rússia caíram 9%, para 148,8 mil toneladas de carne in natura no primeiro semestre, ante 163,7 mil t. no mesmo período do ano passado. A receita, entretanto, aumentou 6,4% para 212,6 milhões, ante US$ 199,8 milhões no primeiro semestre de 2005.

Houve aumentos expressivos em volume nas exportações de carne in natura do primeiro semestre para países como Irã (+ 81,3%), Arábia Saudita (+69%), Hong Kong (40%) e Egito (+27%).

No caso da carne industrializada o maior comprador foram os Estados Unidos com 86,3 mil t. (aumento de 51,5%). Destaques também para Iraque (+1.413%), Holanda (+99%) e Cuba (+75%).

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