Cana avança sobre a área da laranja

Ribeirão Preto (AE) – O avanço da cana-de-açúcar sobre a laranja, segundo o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio de Carvalho Pinto Viegas, é um processo anti-social e vai contra os interesses do próprio País. ?A indústria entrou num processo de verticalização e concentração, plantando pomares próprios, numa ação planejada contra os pequenos produtores e não vemos razão para isso?, afirma Viegas. ?Os pequenos citricultores são viáveis e ajudam numa melhor distribuição de renda.? Reverter esse processo é um dos desafios da Associtrus.

Viegas diz que a própria indústria citrícola, assustada com a velocidade do avanço da cana sobre a laranja e a saída de pequenos produtores, pensa em frear esse processo. ?É um discurso, mas na prática isso não ocorre?, afirma. Segundo ele, o custo médio de produção de uma caixa de laranja (de 40,8 quilos) é de cerca de R$ 15,00, porém, o produtor recebe apenas R$ 7,50, desmotivando a continuidade na citricultura. Ele cita que a região norte do Estado de São Paulo é a que mais sofre com a invasão dos canaviais. ?Estamos lutando para reverter isso, para ter preços mais remuneradores.?

Viegas informa que o setor não consegue entender a tática da indústria citrícola. ?Produzir a própria fruta não é inteligente e o avanço da cana é um incentivo enorme para o arrendamento da terra e ficar dormindo na rede?, explica Viegas, fazendo uma comparação: se o citricultor receber R$ 15,00 por caixa de laranja, esse mesmo valor pode ser adquirido pelo arrendamento de 40 toneladas de cana por alqueire. ?E sem riscos de doenças no pomar e gastos com trabalhadores e com contratos?, explica ele. 

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