BS anuncia fechamento da fábrica em Piraquara

Na entrada do município da Região Metropolitana de Curitiba, o outdoor da Prefeitura já anunciava: ?Piraquara está de luto. A BS Colway é nossa?. Nas placas da fábrica de pneus remoldados e na fachada do comércio do entorno, faixas pretas foram penduradas. Esse pesar foi demonstrado ontem, quando o presidente da empresa, Francisco Simeão, anunciou o início do novo processo de demissões. Ele deu aviso prévio a 700 funcionários, encerrou os projetos sociais e disse que a partir de agora a empresa ?está fechada?.

De acordo com o prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha, com o fechamento o município perde muito. ?A perda não está apenas na questão orçamentária e arrecadação, mas principalmente pelos 1.200 empregos. Na última demissão já foram 500, agora mais 700. Se multiplicarmos isso por quatro pessoas que deve ter cada família, isso é um impacto social violento?, lamenta.

Em números, ele comenta que o município deixa de receber cerca de R$ 500 mil, empregados mensalmente nos projetos sociais conduzidos pela BS Colway – ?Vila da Cidadania?, ?Bom Aluno?, ?Grupo Escoteiro Guardião das Águas? e ?Rodando Limpo? e outros R$ 2 milhões por ano de arrecadação. ?Isso representa 5% do orçamento anual, da receita líquida, do município. É muito para nós, que já vínhamos perdendo receita?, comenta.

Segundo Simeão, o aviso prévio se encerra no próximo dia 2 de fevereiro. ?Enquanto isso, vamos concentrar esforços para conseguir matéria-prima para podermos voltar a operar?, afirma. Ele ainda completa que caso consigam liberar os pneus importados retidos no Porto de Paranaguá, a empresa teria mais dois meses de sobrevida. ?A situação é muito difícil, pois as chances de no dia 2 de fevereiro as pessoas apenas receberem seus direitos e serem demitidas de vez são grandes. Eu não posso iludi-los. A partir de hoje, a produção encerra enquanto não pudermos encher aqueles boxes de matéria-prima. A fábrica e os programas sociais estão parados?, garante Simeão.

Aos 49 anos, o trabalhador do setor de produção, Gilberto Lima, diz estar triste. ?Principalmente porque na minha idade vai ser difícil encontrar um novo emprego. Já fazia um ano que estávamos sabendo dessa situação, mas não acreditávamos que aconteceria?, afirma. Apesar de o presidente da BS Colway ter garantido que as produções estariam se encerrando, ontem muitos funcionários disseram que ainda não haviam formalizado ou assinado qualquer documento e que estariam trabalhando normalmente.

Manifestação

Após o anúncio de Simeão, trabalhadores e beneficiários dos programas sociais, com os familiares – somando mais de 500 pessoas – fizeram passeata até o Contorno Leste. No quilômetro 85, da BR-116, eles fecharam os dois sentidos por 15 minutos, provocando filas de dois quilômetros. Segundo o prefeito, o objetivo da manifestação é tentar sensibilizar mais alguém. ?Não é possível que em um primeiro momento o governo federal deixa a fábrica funcionar para agora, cedendo a pressões, determinar que a empresa não pode mais operar. É a morte do novo empresariado brasileiro?, conclui.

Voltar ao topo