Brown defende taxa global sobre transações financeiras

O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, defendeu hoje que o grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20) leve em consideração a possibilidade de aplicar uma taxa global sobre transações financeiras para pagar os custos de uma possível futura crise nos bancos.

Brown declarou que os membros do G-20 deveriam discutir se precisam de um tipo de “taxa de garantia para refletir o risco sistêmico, fundos de resolução, arranjos para contingentes de capital ou um tributo global para transações financeiras”.

Entretanto, ele alertou que chegar a um acordo sobre um imposto seria difícil. No passado, o Reino Unido foi contrário à adoção da chamada taxa Tobin, que incidiria sobre transações financeiras e cujos recursos seriam voltados às nações em desenvolvimento.

A proposta de Brown lembra mais o esquema de depósitos de segurança, pelo qual o tributo arrecadado seria aplicado em um fundo com objetivo de salvar os bancos, no caso de uma nova necessidade de ajuda do Estado.

Brown também declarou que os procedimentos do G-20 ajudaram a estabilizar o sistema bancário global. Ele reiterou ainda seu alerta contra a retirada precipitada das medidas de estímulo à economia.

“Embora os recentes indicadores de expansão econômica sejam motivo de otimismo cauteloso, eles não são uma razão para acabar prematuramente com os estímulos.”

Em setembro, na reunião de cúpula de Pittsburgh, nos Estados Unidos, líderes dos governos do G-20 disseram que voltariam sua atenção para a área financeira, atribuindo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a tarefa de preparar um relatório com opções de “como o setor financeiro poderia fazer uma contribuição justa e substancial para pagar por qualquer peso associado às intervenções do governo na busca de reparação do sistema bancário”.

Contratos sociais

O primeiro-ministro comentou que é preciso haver “melhores contratos sociais” entre os bancos e o resto da sociedade. “Não pode ser aceitável que os benefícios do sucesso sejam colhidos por alguns, enquanto os custos do fracasso sejam pagos por todos nós”, avisou Brown aos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20.

“Precisamos considerar se temos de ir além, de modo a aliviar os custos para o restante da sociedade.” Ele fez a ressalva de que os britânicos não adotarão o plano “a menos que outros se movam juntos conosco”.

Gordon Brown disse que a taxa global não poderia ser passível de distorções “para evitar prejuízos na redução da liquidez, na alocação ineficiente de capital e na tentação do afastamento”. No entanto, lembrou que o relatório do FMI sairá em abril e qualquer ação acerca de uma possível taxação provavelmente não virá logo depois disso. O próprio Gordon Brown enfrenta eleições em junho de 2010. As informações são da Dow Jones.