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BRMalls na contramão dos interesses dos lojistas de shoppings de Curitiba

Os últimos a serem informados. Esse é o sentimento que impera entre os 160 lojistas do Shopping Estação que, até o momento, nem chegaram ao ponto de serem comunicados oficialmente sobre a decisão da BRMalls, companhia que administra o local, de fechar o espaço de eventos do Estação Convention Center, embora na imprensa, a notícia já circule desde o final do ano passado.

Mas os lojistas do Estação não são o únicos a reclamar da postura administrativa da companhia que também é responsável, só em Curitiba, por outros dois shoppings: Curitiba e Crystal. Sendo que esse último, passou a ser gerenciado pela BRMalls em setembro de 2010. Como resultado do primeiro semestre do novo comando, 40% das lojas do Crystal fecharam as portas e, das que continuam abertas, houve, em média, uma queda de 20% no faturamento.

“Eles simplesmente inviabilizam o negócio, com cláusulas leoninas de contrato. Uma delas é o percentual sobre o faturamento das lojas que é cobrado além do aluguel mínimo e que a empresa monitora de forma constrangedora, na boca do caixa dos lojistas e exigindo acesso ao livro de lançamentos”, relata o advogado da Associação dos Lojistas do Shopping Estação (Alse) e especialista em legislação de shoppings, Marcelo Martins.

Outra condição inerente ao contrato estabelecido pela BRMalls com cada lojista é o reajuste de 10%, de dois em dois anos, no valor real dos alugueis. “Esse reajuste não anula a atualização pelo IGPM do aluguel por ano de contrato”, informa o advogado. Mais uma peculiaridade dos contratos da companhia é o fato de cobrar um 13º aluguel no final do ano. “Eles ganham com o aumento sobre o percentual de vendas, mais o aluguel mínimo do mês e mais um 13º no valor equivalente a outro aluguel mínimo”, conta o Martins.

Apesar de tantas cobranças, o tratamento dispensado aos lojistas é o pior possível. “A BRMalls assumiu o Estação há três anos e de lá para cá nunca fez uma reunião para se apresentar aos lojistas. O ponto máximo desse descaso foi agora, mesmo às vésperas de fechar o Estação Convention Center, não fomos nem notificados sobre essa decisão”, lamenta o presidente da Alse, Francisco Paulo Lobraico, proprietário de uma loja de calçados no Shopping Estação.

“O movimento já caiu consideravelmente neste início de ano com a drástica redução no número de eventos e, mesmo assim, ninguém deu qualquer satisfação”, acrescenta. “Na nossa avaliação, a estratégia da BRMalls para evitar indenizações com a mudança de finalidade do espaço que o Estação Convention Center apresentava, é mesmo a de criar maneiras de prejudicar a saúde financeira do negócio a ponto do lojista fechar”, denuncia Lobraico.