Brasil retorna ao mercado externo

O Brasil voltou ontem ao mercado internacional de crédito e fez a segunda captação de recursos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A novidade desta operação é que os títulos tiveram um prazo maior, ou seja, um indicativo do aumento da confiança do investidor estrangeiro na capacidade do Brasil em honrar os seus compromissos de dívida.

O país vendeu US$ 1,250 bilhão em bônus de longo prazo (dez anos), denominado Global 13 (referente ao ano do vencimento, em junho de 2013). A primeira captação do novo governo foi feita em abril, quando foi lançado US$ 1 bilhão em bônus de prazo curto (vencimento em janeiro de 2007).

O apetite dos investidores pelos chamados papéis da República continua elevado. A procura pelos títulos superou US$ 5 bilhões. Com tanta demanda, o governo acabou emitindo mais bônus do que o planejado inicialmente (US$ 1 bilhão).

O diretor da corretora Eurovest Global, Carlos Gribel, disse que a captação foi bem-sucedida.

A forte procura deve motivar uma nova emissão pelo governo ainda neste ano, segundo um analista.

O plano inicial do Tesouro é captar US$ 3 bilhões em 2003. Com o resultado de hoje, já conseguiu atingir US$ 2,250 bilhões.

O retorno para o investidor ficou em 10,58% ao ano. Os líderes da operação de hoje foram os bancos alemão Deutsche Bank e americano Goldman Sachs.

Risco Brasil

O risco Brasil deve recuar para um patamar inferior a 600 pontos no segundo semestre, aposta a equipe do Unibanco Research.

Essa projeção se baseia nas seguintes premissas: aprovação das reformas tributária e da Previdência até o início de 2004 e manutenção do atual cenário de liquidez internacional.

Em relatório divulgado ontem pelos analistas Eduardo Freitas, Juliana Braga e Fernanda Guimarães, a instituição afirma que “ainda há espaço para o ajuste de preços dos papéis brasileiros no curto prazo”.

Eles reiteraram a recomendação de compra para dois títulos da dívida brasileira (os bônus do tipo Global com vencimento em 2008 e 2040 e taxas de 11,5% e 11% ao ano, respectivamente). Além disso, o banco incluiu nas suas recomendações a compra do Global com vencimento em 2009, com taxa de 14,5% ao ano.

Dólar volta a fechar em alta

Apesar da animação do mercado financeiro com a segunda emissão soberana do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o dólar comercial voltou a subir 0,17% ontem e terminou o dia a R$ 2,870. O preço relativamente baixo da moeda norte-americana atraiu compradores, o que pressionou as cotações. A mínima do dólar nesta segunda-feira foi R$ 2,846 – menor valor desde julho do ano passado.

“Como o dólar caiu bastante nos últimos dias, quem tem compromissos no exterior está aproveitando para comprar”, afirma José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação. Ele diz que muitas dívidas de empresas brasileiras em moeda norte-americana estão sendo renovadas, mas que também há companhias que preferem liquidá-las agora pelo atual dólar “barato”.

“Mas há uma barreira nos R$ 2,85”, comenta Carreira. Ele acredita porém que o dólar pode recuar um pouco mais caso haja novas grandes entradas de recursos provenientes de captações.

Inflação

O debate sobre os juros esquentou depois da divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que ficou em 0,61% em maio, acima da expectativa de 0,5% do mercado.

Ainda assim muitos analistas defendem um corte na Selic (taxa básica de juros da economia) já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), nos dias 16, 17 e 18.

A primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) de junho apontou deflação de 0,47%.

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