Brasil reduz dependência do trigo externo

O anúncio, na semana passada, de uma colheita de trigo abaixo das expectativas na safra 2008/2009 da Argentina poderia causar apreensão no Brasil, um dos principais compradores do trigo argentino. Isto significaria menos produto no mercado e, consequentemente, maior preço para o consumidor.

No entanto, indústrias que dependem do trigo, como a de panificação e a de massas alimentícias, não se preocuparam com a notícia. Isto porque houve aumento na produção brasileira de trigo, que vai diminuir a dependência da importação da mercadoria proveniente da Argentina. Não há expectativa de aumento nos preços do pão e das massas diante deste cenário favorável dentro do País.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção de trigo na safra 2008/2009 35% superior em relação à anterior. A produção mundial também deve apresentar crescimento. “Queda na safra sempre preocupa porque indica aumento de preço. A crise do trigo que houve no final 2007 aconteceu porque havia uma demanda maior do que a oferta.

Os preços no 1.º semestre de 2008 dispararam. Mas, com o aumento na produção da safra 2008/2009 no Brasil e no mundo, a oferta está maior do que a damanda. No último semestre já houve queda de preço”, explica Cláudio Zanão, diretor-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima).

Com um cenário interno otimista, em virtude de uma produção maior, o Brasil deve importar menos trigo de mercados internacionais. O consumo está em torno de 10,5 milhões de toneladas ao ano e a safra nacional deve atingir mais de 5,5 milhões. “Em contas redondas, devemos importar metade do trigo comercializado dentro do País. Na safra anterior, a importação foi de 70%”, afirma Zanão.

Também não existe preocupação com uma possível especulação para aumento de preços diante de uma colheita menor na Argentina. “Acredito que não deve mudar muita coisa. O preço do pão já é caro. Valores mais altos só afastam os consumidores das padarias”, conta Joaquim Cancela Gonçalves, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná.

O mesmo aconteceria com o segmento de massas alimentícias, segundo Zanão. “Tradicionalmente se vende menos no 1.º semestre do ano. A pior coisa agora seria aumentar o preço. Quando isto ocorre, a população procura outros tipos de produtos”, explica.

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