Brasil já não lidera em juros reais

O Brasil deixou a liderança do ranking dos maiores juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) do mundo, depois de seis anos na primeira colocação. Com o corte de um ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, promovido ontem pelo BC, o País passa para a terceira posição da lista, com uma taxa de 5,8% ao ano, segundo a consultoria UPTrend.

O título de maior juro real do mundo foi transferido para a China, cuja taxa é de 6,6%, seguida pela Hungria, com 6,4%. A Argentina está em quarto lugar, pouco abaixo do Brasil, com juro real de 4,3%. A 5.ª posição fica com a Turquia, com 1,7%.

Apesar do nível histórico de baixa da Selic, em 10,25% ao ano,empresários queriam um corte maior e a decisão não animou representantes da indústria e do comércio. Para eles, as incertezas na economia exigiam uma decisão mais agressiva, até porque o nível de atividade ainda está abaixo do período pré-crise. Além disso, alegam que a inflação está sob controle.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que os indicadores recentes mostram que a crise financeira ainda está longe de uma solução. “Os níveis de produção e de emprego e as concessões de crédito ainda se mostram acentuadamente abaixo dos níveis registrados no período pré-crise.” Para o executivo, a baixa confiança dos consumidores e a maior dificuldade na concessão de crédito são os principais entraves para a retomada da demanda e o restabelecimento da produção.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que “em um cenário de incerteza como o atual, em que decisões importantes precisam ser tomadas rapidamente, é um erro manter encontros (do Comitê) tão distantes. Erro maior foi diminuir o ritmo de queda da Selic”. Segundo ele, a redução de juros leva seis meses para fazer efeito.

O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Abram Szajman, afirmou que o corte poderia ter chegado a dois pontos porcentuais, o que deixaria a taxa anual em 9,25% ao ano. A queda nessas proporções, disse, permitira a economia de R$ 11 bilhões no pagamento de juros da dívida pública. 

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