Brasil e UE fracassam na tentativa de salvar Doha

Brasil e União Européia (UE) não conseguem apoio para promover uma reunião ministerial para tentar tirar a Organização Mundial do Comércio (OMC) de sua crise. Nos últimos dias, as diplomacias brasileira e européia fizeram uma série de consultas, mas não convenceram os demais países do projeto. Tanto o chanceler Celso Amorim como o comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson, são favoráveis a uma conferência até o final do mês para tentar manter vivo o processo. Mas, na OMC, a direção teme que um novo fracasso signifique o fim definitivo do processo. A Índia também não teria dado seu apoio à nova reunião.

Na semana que vem, os mediadores das negociações agrícolas e de produtos industriais vão apresentar suas propostas de acordo, depois que Brasil, Índia, Estados Unidos e Europa fracassaram em chegar a um acordo no mês passado em Potsdam, na Alemanha.

A idéia do Itamaraty era de que uma conferência com cerca de 20 ministros fosse realizada para "manter vivo" o processo. O temor do Brasil é de que, sem um envolvimento político de alto nível, a Rodada Doha poderia ser deixada de lado pelos governos, o que atrasaria qualquer conclusão para pelo menos 2009. Amorim teria deixado isso claro durante sua passagem pela OMC na sexta-feira, onde se reuniu com o diretor da entidade, Pascal Lamy.

Fim do processo

Na OMC, porém, a avaliação é outra. Se uma reunião ministerial fosse convocada para debater as propostas e não chegasse a um acordo, diplomatas em Genebra acreditam que isso significaria o fim do processo, pelo menos até que as eleições nos Estados Unidos ocorressem, em 2009. Pela agenda proposta pelos mediadores, os governos debaterão os textos até o final de julho e voltarão às negociações em setembro.

Segundo a publicação Americana Washington Trade Daily, quem também teria ficado contra a proposta de Amorim e Mandelson foi o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath. O indiano também seria favorável ao projeto da OMC de manter as negociações em Genebra até o final de julho, como previsto pelos mediadores.

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