Brasil deverá pagar mais por energia ao Paraguai

O Brasil deverá aumentar seu desembolso com compra da cota paraguaia da energia pela Hidrelétrica de Itaipu. Quatro medidas serão apresentadas hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ministros e técnicos do setor elétrico. Caberá a Lula dar a palavra final sobre a oferta que o governo brasileiro fará amanhã, em Brasília, ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Coerente com sua política exterior, Lula pretende fazer desse gesto de generosidade o respaldo político do Brasil a um líder debilitado por escândalos íntimos e acabar com o atrito entre os países.

Na reunião de hoje, o governo brasileiro está empenhado em pinçar, entre as quatro medidas, as que atendam melhor à “visão imediatista e monetarista do Paraguai”, que só aceita uma solução: arrancar mais dinheiro do Brasil. Um colaborador de Lula antecipou que o governo não considera ilegítima a demanda, mas quer evitar que onere muito a conta de luz do consumidor brasileiro. A ideia é repassar os recursos como discreta forma de “calar os paraguaios, que culpam o Brasil até pelos apagões em Assunção”. A preocupação do governo será encontrar uma solução que não soe como derrota para Lugo.

O aumento do preço da energia é a única saída para o Paraguai aumentar sua receita. Hoje, a venda de eletricidade ao Brasil responde por 30% do Orçamento paraguaio. Entre as medidas em estudo, a de maior impacto inflacionário no País seria aumentar o preço da energia contratada, atualmente de US$ 52,22 o megawatt/hora (MWh). As outras hipóteses são a elevação do valor pago pela energia excedente gerada por Itaipu, a duplicação do pagamento adicional pela cessão de energia e a antecipação de compras.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o objetivo da reunião será fechar uma “posição de governo”. Esse pacote envolverá ofertas apresentadas em janeiro e rechaçadas dois meses depois pelo governo paraguaio. Entre elas, estão a abertura de um crédito de US$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos em infraestrutura e a criação de um fundo de US$ 100 milhões para obras sociais no Paraguai.

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