BNDES: incentivo ao crédito privado mudará desembolso

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse hoje que o pacote de incentivos ao financiamento privado de longo prazo deverá modificar a composição do desembolso do banco em 2011 e interromper sua trajetória de crescimento, iniciada em 2008, após a crise. “Estamos finalizando um conjunto de entendimentos com o Ministério da Fazenda para calibrar espaços onde o setor privado poderá ampliar a sua presença e o BNDES encolher um pouco. Na margem, o bolo do investimento está crescendo e o financiamento disso tem que ser absorvido por outras fontes privadas, de modo que a gente possa, mais ou menos, estabilizar o BNDES”, disse Coutinho, após participar do seminário “Diálogos Capitais”, da revista Carta Capital, no Rio.

Durante sua palestra, Coutinho afirmou que a previsão de encerrar o ano com R$ 146 bilhões em desembolsos do BNDES já mostra uma redução do ritmo de crescimento do banco, na comparação com os R$ 137 bilhões do ano passado. Ele indicou que o objetivo do governo é interromper o crescimento do banco, mas deixou em aberto a possibilidade de um desempenho no mesmo patamar em 2011.

A diferença estaria em uma composição dos financiamentos mais voltada para a área de infraestrutura e inovação. “Vamos tentar também criar instrumentos via mercado de capitais para financiar a infraestrutura, mas não parece realista que, no curto prazo, financiamentos privados de prazos mais longos possam chegar à infraestrutura”, avaliou.

Ainda durante o seminário, Coutinho defendeu o aumento da poupança interna para financiar os investimentos necessários para sustentar o crescimento da economia. Ele afirmou que o País deve aproveitar as oportunidades de financiamento externo, mas advertiu que essa é uma fonte que deve ser usada “com moderação”. Segundo Coutinho, a poupança externa utilizada pelo País não deve ultrapassar 5% do Produto Interno Bruto (PIB). O ideal, esclareceu, seria uma relação de 2% do PIB.

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