Batalha da Opep por participação de mercado está apenas no começo, diz AIE

A batalha global por participação de mercado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e produtores de fora do grupo – que abalou os mercados de petróleo e contribuiu para a maior queda nos preços da commodity desde a crise financeira – está apenas começando, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE).

As cotações do petróleo apresentaram fortes perdas desde junho do ano passado, em meio ao excesso de oferta mundial causada em boa parte pelo aumento da produção nos EUA e à fraqueza na demanda, uma combinação que ameaçou a fatia de mercado de alguns dos maiores produtores mundiais da commodity.

Essa situação provocou uma disputa por participação de mercado, marcada pela decisão da Opep, em novembro, de não reduzir sua produção apesar da queda dos preços. A atitude da Opep levou o petróleo a cair mais e representou um forte sinal de que o grupo não irá sustentar os mercados em prol de seus concorrentes.

No documento publicado hoje, a AIE afirma que a tática da Opep está funcionando até certo ponto. Nos EUA, os produtores de óleo de xisto reduziram custos por meses seguidos, interrompendo a forte expansão de sua produção. A entidade prevê que o crescimento da produção de óleo de xisto norte-americana desacelerará em 80 mil barris por dia neste mês.

Por outro lado, a AIE estima que outros países não pertencentes à Opep continuarão ampliando a produção. Na Rússia, por exemplo, a produção teve um aumento inesperado de 185 mil barris por dia em abril, enquanto no Brasil, houve ampliação de 17% no primeiro trimestre, comentou a entidade. Além disso, a recuperação recente dos preços do petróleo pode dar um novo fôlego às petrolíferas dos EUA.

Também no relatório, a AIE, que tem sede em Paris, elevou sua projeção para o crescimento da produção de petróleo fora da Opep neste ano em 200 mil barris por dia, a 830 mil barris por dia.

“Seria, então, prematuro sugerir que a Opep ganhou a batalha por participação de mercado. A batalha, na verdade, apenas começou”, avaliou a agência.

Enquanto se prepara para sua próxima reunião, marcada para junho, a Opep não dá sinais de que pretenda abandonar a estratégia atual. A produção do cartel subiu em abril para 31,2 milhões de barris por dia, atingindo o maior nível desde setembro de 2012 e representando expansão de 160 mil barris por dia na comparação mensal e de 1,4 milhão de barris por dia no confronto anual, afirmou a AIE.

Para a entidade, a decisão de novembro da Opep foi apenas “o primeiro passo de um plano que inclui “elevar a produção e investir agressivamente em capacidade futura”. Enquanto produtores não pertencentes ao cartel reduzem custos, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos vêm expandindo seus programa de exploração. Já no Iraque, a produção alcançou em abril o maior patamar desde 1979, enquanto a oferta iraniana atingiu o nível mais elevado desde julho de 2012.

A AIE reduziu sua previsão para a demanda pelo petróleo da Opep em 2015 em 300 mil barris por dia, a 29,2 milhões de barris por dia, em resposta a expectativas maiores para a oferta de países de fora do cartel. Em relação à demanda global, a AIE manteve a projeção de crescimento de 1,1 milhão de barris por dia. Fonte: Dow Jones Newswires.

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