Base diversificada muda economia do Paraná

Quinta maior economia do País, com 6,1% do PIB nacional, o Paraná experimentou uma mudança expressiva em sua base produtiva ao longo da última década. Deixou de ser um estado agroindustrial e ampliou seu parque industrial, atraindo novos investimentos ao mesmo tempo em que agregou valor às atividades já existentes.

Segundo economistas, a alteração do perfil econômico contribui favoravelmente para o Estado, com perspectiva de aumento do nível de emprego e melhoria da renda da população a partir de 2004 – desde que não haja sobressaltos nas questões macroeconômicas.

?O Paraná está hoje entre os estados de maior representatividade econômica do País?, aponta o economista Vamberto Santana, professor de Política Econômica da Universidade Federal do Paraná. ?O setor industrial paranaense, que até alguns anos só atuava na transformação de produtos agrícolas, está se tornando mais sofisticado e cada vez mais próximo dos padrões dos estados mais desenvolvidos?, observa.

Como exemplos desse avanço, ele cita as indústrias química, material de transportes (que inclui a produção de automóveis) e metalúrgica. ?O Paraná tem indústrias modernas, em condições de competição no mercado internacional?.

Mas não foi somente a indústria que experimentou transformações. Outro segmento que teve expansão foi o de serviços, com destaque para o turismo, comenta Santana.

?As unidades hoteleiras que estão abrindo em Curitiba são vinculadas a grandes redes nacionais e internacionais, o que é um indicativo da importância do mercado paranaense?, salienta. Na avaliação do economista, esse processo foi decorrente da chegada da indústria automobilística e da modernização da base industrial do Estado, que alavancaram principalmente o turismo de negócios.

Apesar da diversificação no setor industrial, não se pode desprezar a importância da agroindústria no Paraná, que também se modernizou. Além de ser o maior produtor de grãos do País, responsável por 24% da safra 2002/2003, o Estado é um grande produtor de matéria-prima para a indústria de papel e celulose, fazendo esse segmento também atingir desempenho crescente.

Expansão

Embora seja o quinto no ranking de concentração de renda do Brasil, um ponto percentual abaixo do Rio Grande do Sul, o Paraná já é o quarto maior estado exportador, detendo cerca de 10% das exportações brasileiras. De janeiro a novembro, o Paraná exportou US$ 6,5 bilhões – 15,79% acima do total do ano passado, que foi de US$ 5,7 bilhões.

?O que vem acontecendo no Paraná nos últimos anos é o delineamento de uma tendência de modificação do perfil produtivo, que não significa o desaparecimento de setores que historicamente garantiram o crescimento do Estado?, diz o economista Gilmar Lourenço, professor de Economia Brasileira da FAE Business School.

Segundo ele, os números de comércio exterior do Paraná demonstram essa mudança de perfil. ?Há oito anos, metade do que o Paraná exportava era proveniente do complexo soja (grãos, farelo, óleo), hoje perto de 34% é do complexo soja. Há oito anos, o gênero material de transporte (automóveis, motores, ônibus e caminhões) representava 8% de tudo que o Estado exportava, hoje significa em torno de 23%?.

Lourenço ressalta que apesar de o Paraná ser um estado industrializado, ainda existem bolsões de pobreza, uma vez que a estrutura econômica está muito centrada na metal-mecânica e na agroindústria e muito concentrada na Região Metropolitana de Curitiba. Por este motivo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é bem inferior ao de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. ?Mais de 70% dos municípios do Paraná tem IDH abaixo da média nacional. No Rio Grande do Sul, somente 30% e em Santa Catarina, 27%?, compara Lourenço.

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