Os anúncios de fusão e aquisição de bancos, como o Itaú e Unibanco, Banco do Brasil, Nossa Caixa e Besc, têm se tornado uma prática comum nos últimos anos no Brasil.
No entanto, para o Paraná, nada marcou mais a história do sistema bancário que a compra do Banco do Estado do Paraná (Banestado) pelo Itaú em outubro de 2000. O banco, que foi referência nacional por programas como o Bom Emprego, Panela Cheia e Gralha Azul, completaria hoje 80 anos.
O Banestado foi a primeira instituição financeira de microcrédito no País a oferecer linhas simples e sem juros. A venda do Banestado para o Itaú ocorreu em um leilão disputado, cuja transação envolveu R$ 1,6 bilhão, 300% acima do preço mínimo estabelecido pelo governo para a privatização da instituição.
Na data da sua venda, o banco tinha uma base de 552 mil clientes, cerca de 8 mil funcionários, 519 agências – 30 delas em outros estados -, ativos totais de R$ 6,6 milhões e patrimônio líquido de R$ 554 milhões.
O dinheiro da venda acabou indo para a conta do Tesouro Nacional, abatendo 20% da dívida que o governo tinha com a União, em razão de empréstimos para o saneamento da instituição. Em 2003 uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada para investigar a evasão de divisas.
O relatório final da CPI do Banestado, como ficou conhecida, pediu o indiciamento de 91 pessoas acusadas de envolvimento em esquema de remessa ilegal de cerca de R$ 30 bilhões para o exterior, por meio das chamadas contas CC-5.
Para o presidente da Federação dos Bancários do Estado do Paraná, Gladir Antônio Basso, a pior situação que aconteceu com o Banestado foi sua privatização, que gerou a demissão de muitos trabalhadores, fechamento de agências e prejuízos no atendimento da população.
“O Estado tinha um importante instrumento de desenvolvimento para impulsionar a economia. A privatização foi ruim para o Paraná porque acabou com muitos programas de financiamento que atendiam as pequenas e médias empresas, que não tiveram o mesmo acesso no Itaú”, ponderou Basso.