Aumento de salário é o grande indutor da economia

Uma injeção de R$ 200,2 milhões anuais na economia local. É o valor que o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dizem que passou a circular a mais, na região, devido aos acordos coletivos realizados durante o ano passado. Ontem, as duas entidades apresentaram um balanço das negociações feitas no período. O SMC avisou, ainda, que nos próximos meses deve concentrar esforços em melhorar os Planos de Lucros e Resultados (PLR’s) dos trabalhadores do setor.

De acordo com os números apresentados, o reajuste médio ficou em 8,29%, o que significa um aumento real de 3,77%. Só com os reajustes, o Dieese calculou um impacto mensal de R$ 10,3 milhões na economia, ou R$ 137,6 milhões por ano. Já os abonos, que atingiram 34,9 mil metalúrgicos, significaram mais R$ 62,6 milhões circulando na região.

As negociações, iniciadas em setembro, atingiram mais de 56 mil trabalhadores, primeiro no segmento das montadoras, em seguida nas fabricantes de autopeças e depois nas indústrias de metalurgia e máquinas. A maioria dos acordos foi fechada individualmente com as empresas. As convenções coletivas foram adotadas nas companhias menores, que empregam, juntas, quase 20 mil trabalhadores.

Para o SMC e o Dieese, os acordos do ano passado figuram entre os melhores pelo menos desde o ano 2000, e aconteceram apesar da crise econômica que rondava o setor. Segundo o secretário geral do SMC, Jamil Dávila, antes do início do período de negociações, os dirigentes sindicais se reuniram e decidiram “não aceitar a crise”. Ele acredita que, na época, muitas companhias queriam aproveitar o momento para tirar proveito da situação e enxugar custos. “Se falava em crise, mas nas fábricas os funcionários continuavam trabalhando bastante”, justifica.

O economista Sandro Silva, do Dieese, afirma que impacto econômico da crise foi superestimado pela maioria das empresas do setor, e que isso acabou se refletindo nos bons acordos. Segundo ele, a crise acabou pesando mais apenas em algumas empresas, voltadas mais às exportações, e também segmentos, como o de máquinas para os setores madeireiro e de cigarros, que já vinham passando por um período ruim antes mesmo da crise.