Educação

Aumenta inadimplência na educação no Paraná

A inadimplência nas escolas de ensino infantil, fundamental e médio da rede particular de ensino do Paraná cresceu nos cinco primeiros meses de 2009, se comparada com o mesmo período do ano passado.

Do início do ano até maio, os inadimplentes chegaram a 11%, um ponto percentual a mais que o alcançado em 2008 (10%). Os dados são provenientes do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe/PR). Quanto às instituições superiores de ensino de Curitiba, apenas a Universidade Tuiuti e a Universidade Positivo revelaram seus índices de inadimplência, sendo 20% e 6%, respectivamente.

No entanto, o calote dado nas escolas particulares do Paraná não preocupa o presidente do Sinepe/PR, Ademar Batista Pereira. De acordo com ele, esses números são considerados normais.

“Esse índice está dentro das expectativas esperadas. A crise talvez venha mais forte para o setor no segundo semestre, quando o número de mensalidades que deixam de ser pagas poderão ser maiores”, teme.

Ao contrário do ensino fundamental e médio, Pereira afirma que a inadimplência é maior e mais frequente nas instituições de ensino superior. “Na universidade o aluno pode trancar a matrícula ou abandonar seu curso a qualquer momento e, com isso, causar problemas nas administrações, fato que prejudica muito mais do que no nosso setor”, compara.

De acordo com o dirigente sindical, a inadimplência acontece por inúmeras razões, dentre elas a escolha da família em quitar dívidas mais importantes, adiando o pagamento da mensalidade.

“Pela lei, não podemos interromper o ensino da criança por causa da ausência de pagamento. Por isso, a escola tem poucas alternativas para lidar com o inadimplente. Outro fator que nos preocupa é que, quando a pessoa deixa de pagar dívidas como a conta de luz ou de água, por exemplo, tem seu abastecimento imediatamente cortado, o que não acontece com o ensino.

Portanto, por essa obrigatoriedade de prestação de serviço, a família opta por pagar outras contas no lugar da mensalidade”, explica Pereira. O presidente diz que há estudos comprovando que a mensalidade é a quinta prioridade de pagamento da família brasileira.

Questionado sobre as soluções cabíveis aos pais ou responsáveis inadimplentes, o presidente conta que a escola deve cobrar, ou até mesmo denunciar o pai para os sistemas de proteção ao crédito, mas apenas depois de buscar soluções junto à família endividada.

“Temos uma série de ferramentas de cobrança, mas, em geral, as escolas tentam e devem conversar com a família para tentar negociar a situação. A escola não quer perder o aluno, pois sabemos que existe uma grande relação e afinidade entre as duas partes. Caso essa dificuldade aconteça, é preciso que a família sente, converse e tente parcelar o que deve. Bom senso para resolver essa situação nesse caso é essencial”, diz.

Situação é mais complicada no ensino superior

Com relação às instituições superiores de ensino, o vice-reitor da Universidade Positivo,José Pio Martins, explica que, quando o assunto é inadimplência, é preciso diferenciar a falta de pagamento  mensal daquela dívida final que interfere na rematrícula do aluno para o próximo ano letivo.

“Na Universidade Positivo consideramos inadimplentes aqueles alunos que, ao chegar ao final do ano, por deixar de pagar uma ou duas mensalidades, não quitam seus débitos e, consequentemente, deixam de se rematricular. Isso faz com que a universidade perca dinheiro. Na Universidade Positivo, essa taxa gira em torno de 6%, o que é considerada baixa para os padrões locais”, afirma o vice-reitor.

De acordo com Martins, na tentativa de negociação das mensalidades em atraso, a instituição oferece um programa de financiamento, no qual o aluno pode optar por pagar a metade da m,ensalidade pelo dobro de anos que ele leva para fazer o curso.

“Para um curso de quatro anos, por exemplo, o universitário pode pagar meia mensalidade durante oito anos sem acréscimo de juros. Assim conseguimos dar opção ao aluno com dificuldade financeira, além de estarmos dispostos a negociação e refinanciamentos de débitos”, explica.

Portanto, assim como nas escolas de ensino infantil, fundamental e médio, nas instituições superiores de ensino a prioridade é a educação do aluno. “Entendemos que a qualidade do ensino é algo muito mais vinculado a questões acadêmicas e, portanto, a inadimplência pouco interfere”, ressalta o vice-reitor.