Arroz com feijão mais barato em agosto

O tradicional ?arroz com feijão?, presente na maioria das mesas dos lares brasileiros, ficou aproximadamente 7% mais barato em Curitiba no mês de agosto. Na outra ponta – e não menos tradicional -, o ?cafezinho? ficou 2,82% mais caro. É o que mostra a pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócios-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).  

Conforme o levantamento, dos 13 itens que compõem a cesta básica em Curitiba, seis tiveram queda, seis alta e um não teve o preço alterado. Com esses resultados, a cesta básica voltou a cair, fechando o mês de agosto com variação negativa de 2,14% – é o quarto mês seguido de queda. No acumulado do ano (janeiro a agosto), a cesta acumula redução de 12,68% no preço e, nos últimos 12 meses, variação de -1,38%.

?Desde o ano passado, a gente tem observado a redução dos preços dos alimentos, principalmente por conta da queda de alguns produtos no mercado internacional, tanto pela questão cambial como o aumento de oferta?, analisou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR. ?Os preços mais baixos no mercado internacional acabam pressionando os preços no mercado interno?, explicou.

O economista destacou ainda que os preços dos alimentos nos últimos anos vêm subindo menos do que a inflação. ?A conseqüência positiva é que o consumidor terá mais renda para gastar com outros itens, além da alimentação. Já a negativa é que os produtores rurais estão tendo aumento de custo da produção, enquanto o preço do produto está menor, o que afeta a sua renda?, observou.

Itens

Entre os itens que registraram queda em agosto estão a banana, que ficou 16,40% mais barata, voltando ao patamar do mês anterior. É que em julho, o quilo da fruta havia subido 14,75%. Com a queda, o preço médio do quilo passou de R$ 1,95 para R$ 1,63. Também o tomate ficou mais barato, com o preço médio do quilo passando de R$ 1,09 para R$ 0,95. De acordo com Sandro Silva, a queda do tomate em agosto ocorreu de maneira generalizada: das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese-PR, 15 registraram redução. ?Em Curitiba, o tomate começou o ano com patamar alto de preço, de R$ 2,39. Só nos últimos quatro meses, o preço já caiu 55,6%?, apontou. A queda, segundo o economista, se deve ao aumento da oferta do produto em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais.

Já o feijão ficou 8,14% mais barato, com o preço médio do quilo passando de R$ 2,21 para R$ 2,03. Desde janeiro, o feijão ficou 25,64% mais barato em Curitiba. ?Ele estava com patamar de preço muito alto?, apontou Sandro Silva. O óleo de soja e o açúcar também tiveram queda nos preços, de 1,98% e 1,26%, respectivamente.

Em compensação, outros itens da cesta básica ficaram mais caros: caso do café, que registrou aumento de 2,82% em agosto. ?O café está recuperando a queda do preço (-4,25%) registrada em julho?, explicou o economista. Também a farinha de trigo subiu (alta de 2,78%), que acabou impactando na alta do pão (1,72%). Também a carne ficou mais cara (1,58%), assim como o arroz (0,70%) e a manteiga (0,65%). Já o preço do leite permaneceu estável.

Para setembro, Sandro Silva acredita que possa haver reversão de tendência de queda da cesta básica. ?Os preços da batata e do tomate, por exemplo, dificilmente vão continuar caindo, ou pelo menos não nos patamares de agosto. Também há a questão climática: esfriou em agosto, o que pode trazer impacto nos preços da carne, do leite, em setembro?, explicou. O fim da safra de cana também pode pressionar o preço do açúcar para cima. Por outro lado, o início da safra do trigo deve empurrar o preço da farinha para baixo.

Queda em 14 capitais

Quatorze das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese apresentaram queda no preço da cesta básica em agosto, repetindo a tendência dos meses anteriores. Os únicos aumentos foram em Belo Horizonte (2,23%) e Porto Alegre (0 41%). Já a maior queda foi registrada em Belém (-4,65%). Já Curitiba (-2,14%) apresentou a oitava maior queda. Quanto ao valor, a cesta básica mais cara foi verificada em Porto Alegre (R$ 171,72) e a mais barata em Fortaleza (R$ 129,48). Curitiba, com a cesta a R$ 154,48, ficou na sétima posição.

Conforme levantamento do Dieese, o salário mínimo necessário para suprir necessidades vitais básicas de uma família, como moradia, alimentação, saúde, educação, vestuário, entre outras, deveria ser de R$ 1.442,62.

Produtos de limpeza e higiene tiveram alta de 0,13%

Os produtos de limpeza e higiene ficaram 0,13% mais caros em agosto em Curitiba, segundo levantamento divulgado ontem pelo Dieese-PR, em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná (Feaconspar). O aumento, apesar de pequeno, interrompeu a tendência de queda que vinha sendo observada desde maio, quando a pesquisa começou a ser feita.

Entre os produtos de limpeza – que subiram 1,92% em média -, os itens que mais influenciaram o índice foram sabão em barra (alta de 6,78%), sabão em pó (1,36%) e água sanitária (3,81%). Já os produtos de higiene registraram queda de aproximadamente 1,07%, conseqüência das baixas ocorridas no sabonete (-8,46%), creme dental (-4,58%) e absorvente (-6,11%). Na outra ponta, o papel higiênico registrou aumento de 5,92%.

Os dados servem como parâmetro para os consumidores e para a categoria de asseio e conservação negociar o reajuste salarial na data-base.

Para o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, o que realmente chama a atenção, porém, é a diferença de preços de um mesmo produto, conforme o estabelecimento comercial. Segundo o levantamento, um limpa-vidros de 500 ml de uma marca tradicional pode variar de R$ 2,89 a R$ 6,99 – diferença de quase 142%. O sabão em barra (cinco unidades) pode custar de R$ 2,29 a R$ 4,98 – variação de quase 118%. Entre os itens de higiene, a diferença de preços também é grande. No caso do desodorante de 90 ml, pode variar de R$ 2,19 a R$ 3,75 – diferença de 71,23%. O detalhe é que os itens pesquisados são de marcas e quantidades específicas. ?A variação nos preços é muito grande. Mesmo assim, muitas pessoas costumam comprar sem pesquisar?, apontou Silva.

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