Arroba do boi sofre os efeitos da alta do dólar

Depois de ligeira queda no início do ano, o preço da arroba do boi voltou a subir este mês. Fechado a R$ 57,00 em dezembro de 2002, caiu para R$ 55,00 na segunda quinzena de janeiro e agora volta a custar R$ 57,00, segundo informação do Sindicato de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne-PR). Mesma oscilação não vem sofrendo a carne vermelha no varejo, garante o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Paraná, Marino Poltronieri.

De acordo com Poltronieri, o preço da carne ao consumidor tem se mantido e, em alguns casos, até diminuído. “Em dezembro, a carne subiu um pouco. Depois, reduziu cerca de R$ 0,20. Em março, a tendência é que o preço caia um pouco mais”, prevê. Segundo ele, em um ano o preço da carne no varejo subiu cerca de 15%. O quarto traseiro, que era vendido a R$ 3,80 o quilo em fevereiro de 2002 passou para R$ 4,40. “A carne é o produto que menos subiu. Além disso, a carne do Brasil é a mais barata do mundo”, defende.

Para Poltronieri, a variação do preço da arroba do boi não refletiu no valor de venda ao consumidor porque a oferta do produto é grande. “Há uma crise econômica, o comércio está parado e o varejo, disputado”, aponta, acrescentando que o cliente tem que pesquisar antes de comprar. “Quem subir muito os preços não vende. E a carne tem que ter giro rápido”, acrescenta.

Menos consumo

Mesmo com a garantia de que o preço da carne vermelha tem se mantido desde o início do ano, o consumo do produto tem apresentado redução. Os dados do Sindicarne-PR apontam que a queda tem variado entre 25% e 30% nos meses de janeiro e fevereiro.

Para o economista do Sindicarne, Gustavo Fanaya, a queda no consumo durante essa época do ano é uma tendência geral. “Em função das férias escolares e do aumento da temperatura, carnes brancas como frango e peixe acabam sendo mais consumidas”, explica. Mas é o dólar o principal vilão que influencia na oscilação do preço da carne vermelha. Há um ano a moeda americana estava cotada a R$ 2,35 e a arroba do boi custava R$ 44,00. Hoje, com o dólar a quase R$ 3,60, o gado é comercializado a R$ 57,00 a arroba, ou seja, aumento de 30% em um ano. “O preço do boi só vai recuar se o dólar baixar. Mas com a expectativa de um conflito armado no Iraque, é difícil que isso ocorra”, prevê.

Apesar de considerar alto o preço da arroba a R$ 57,00, Fanaya diz que, em dólar, o pecuarista não é tão beneficiado. “A arroba está saindo por cerca de US$ 16, enquanto a média, normalmente, é de US$ 18”, explica.

Com relação à redução no consumo, Fanaya lembra que os frigoríficos reduzem o volume de abate na mesma ordem. “Se os frigoríficos não diminuem a quantidade de abates, ocorre queda no preço do atacado. Mas por outro lado, se a redução de abate for maior do que o consumo, sobe o preço do boi gordo”, analisa. O mercado, neste momento, está ajustado, atesta Fanaya. A tendência, segundo ele, é que apenas em março os preços da arroba do boi e da carne vermelha se estabilizem.

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