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Argentina barra importação de máquinas agrícolas do Brasil

Há dois meses o governo da Argentina não aprova licenças para a importação de máquinas e tratores agrícolas do Brasil, o que já provoca um acúmulo de 500 colheitadeiras e 1.500 tratores nos pátios da indústria brasileira à espera de autorização para entrar no país, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“Desde dezembro a Argentina não aprova nenhuma licença. O país importa 80% das máquinas e tratores de que precisa e a maior parte é fornecida pelas empresas instaladas no Brasil”, afirma Milton Rego, vice-presidente da entidade.

Entre 30% e 40% das exportações brasileiras de máquinas e tratores (que correspondem a 22% da produção nacional) vão para a Argentina. Em receita esse porcentual é maior porque o país adquire produtos de maior valor agregado, segundo o executivo.

Para reduzir o déficit de sua balança comercial, a Argentina tem aumentado as barreiras contra importações. No dia 15 de fevereiro, o Ministério de Indústria local anunciou a ampliação da lista de produtos atingidos pelo sistema de Licenças Não Automáticas (LNA), de 400 para 600 itens. Antes disso, porém, vários setores industriais brasileiros já reclamavam da dificuldade de vender produtos ao país.

Milton Rego afirma que o governo argentino bloqueou as importações no momento mais importante da safra de grãos, entre dezembro e março, meses que concentram as vendas de colheitadeiras para o vizinho. “Cerca de 70% das colheitadeiras são vendidas nesta época”, explica. Embora o sistema de licenças automáticas para a importação de máquinas esteja em vigor há cerca de dois anos, Rego lembra que o setor brasileiro nunca enfrentou situação como a atual. Ele afirma que o modo como a Argentina usa as licenças estão fora do acordo automotivo do Mercosul.

“O acordo previa a utilização de forma pontual e passageira desse mecanismo e, mesmo assim, o prazo de liberação das licenças teria que ser de dez dias. A praxe, contudo, estava sendo de 60 dias, que é o máximo permitido pela Organização Mundial do Comércio.”

Segundo a Anfavea, há licenças com mais de 100 dias ainda sem aprovação. A Argentina interrompeu as autorizações em dezembro, mas aquelas que deram entrada entre outubro e novembro também ficaram na fila de espera. Dados apresentados pelo executivo mostram que cerca de 800 produtos, dos quais 200 colheitadeiras, estão há mais de 60 dias na fila de espera da aprovação. Mas, no total, 500 colheitadeiras e 1.500 tratores estão nos pátios das fábricas à espera de embarque para a Argentina.