Área construída, na capital, cresceu pouco

Curitiba deve encerrar o ano com 900 mil metros quadrados construídos – área pouco superior aos 884 mil metros quadrados registrados no ano passado. O crescimento, apesar de pequeno, é comemorado pelo setor. ?O resultado não sendo negativo como foi em 2003 (quando houve queda de quase 40%), para nós já é uma ótima notícia?, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Julio Cesar de Souza Araujo Filho, que reuniu ontem a imprensa para divulgar o balanço 2005 e comentar as expectativas da construção civil para 2006.

Se o tamanho da área construída permaneceu praticamente estável, o mesmo não se pode afirmar com relação ao número de unidades. Até novembro, haviam sido concluídas 5.722 unidades residenciais, contra 4.174 em igual período do ano passado – ou seja, incremento de 37%. Em outras palavras, as residências ficaram menores. ?A população de menor renda foi contemplada?, apontou Araujo Filho. Para ele, o aumento do crédito imobiliário foi o principal fator que contribuiu para este cenário. Em 2005, a construção de moradias de baixa renda representou 11% do total de unidades concluídas.

Os lançamentos imobiliários (empreendimentos verticais) também aumentaram em 2005, somando 1.838 até o mês passado – 54% acima do total lançado em todo o ano de 2004. Desses, 1.708 são unidades residenciais, sendo que a maioria (954) são apartamentos com três dormitórios, e os empreendimentos estão localizados principalmente nos bairros do Ahu, Cabral, Água Verde, Mossunguê (Ecoville), Batel e outros. O tamanho do imóvel varia entre 100 e 288 metros quadrados.

A pesquisa feita pelo IPEQ (Instituto de Pesquisa, Estatística e Qualidade), a partir de informações fornecidas pela Prefeitura de Curitiba, revela ainda que 19% das unidades residenciais lançadas ao longo do ano têm quatro dormitórios. Nessa categoria somam 16 empreendimentos, construídos principalmente no Batel, Juvevê e Cabral, e os imóveis têm área que variam entre 260 e 670 metros quadrados. ?É um mercado que sempre responde à comercialização, independentemente das condições da economia?, comentou Araujo Filho.

Quanto à geração de empregos, a construção civil registrou este ano, de janeiro a outubro, saldo positivo de 1.730 postos de trabalho em Curitiba, o que representou crescimento de 6,85%. Apesar do crescimento, no acumulado desde 2001 Curitiba registra saldo negativo de 4.088 postos de trabalho, em decorrência sobretudo do período de 2001 a 2003, quando o setor registrou saldos negativos.

Sobre o custo da construção – Custo Unitário Básico (CUB) -, o índice acumula alta de 6,63% de janeiro a novembro. Os maiores impactos vieram da pedra brita n.º 1, que subiu 27,66% no ano; areia para concreto (alta de 24%) e o tijolo de oito furos (23,86%). O aumento de preços desses materiais, lembrou o presidente do Sinduscon-PR, pressionou sobretudo a produção das moradias populares para a baixa renda. É que entre elas, tais materiais têm peso maior do que em residências de padrão médio e alto. Para Araujo Filho, a elevação de preços desses materiais está atrelada ao rigor da legislação ambiental. ?Ficamos preocupados com o impacto ambiental, claro, mas precisaria haver um pouco mais de flexibilidade na legislação?, criticou.

Perspectivas 2006

Se em 2005 o crescimento da construção civil foi tímido, para 2006 as perspectivas são bem melhores. De acordo com Araujo Filho, a lei 11.196/2005, que incorporou a ?MP do Bem?, deve fomentar o setor no ano que vem. Entre os estímulos estão a ampliação dos recursos da caderneta de poupança para financiamento imobiliário, com a redução dos juros para o mutuário; ampliação dos recursos do FGTS e outros para financiamento para a baixa renda, além da isenção ou redução do imposto de renda sobre capitalização imobiliária. Como 2006 será um ano eleitoral, o presidente do Sinduscon-PR acredita também que haja obras públicas e prestações de serviços. ?Se conseguirmos chegar a 5% de crescimento, já ficarei muito feliz?, arrematou.

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