Apesar de aumento no IOF, cartão de crédito tende a crescer

O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que também incide sobre as transações com cartões de crédito, não deverá inibir o crescimento dessa modalidade de pagamento no País. A avaliação de especialistas é de que o impacto nas prestações será muito pequeno e insuficiente para desestimular o uso do cartão pelo consumidor. A medida deve ter alguns efeitos no mercado de cartões, mas nenhum que mude as projeções de crescimento das operações.

O principal dos efeitos possíveis é o aumento da participação do parcelado sem juros no total das operações com cartões. Essa modalidade não é caracterizada como empréstimo e, portanto, não há incidência de IOF. Nesse tipo de pagamento, é o lojista que financia as compras, pois recebe o dinheiro em prestações. O risco da operação é do emissor do cartão. Atualmente, o parcelado sem juros corresponde a aproximadamente 50% das transações com cartões de crédito. Para o diretor de Marketing de Cartões da Itaucard, Fernando Chacon, esse porcentual pode alcançar 60% do mercado.

Entretanto, existe pelo menos um inibidor desse movimento, que é o aumento da taxa de intercâmbio paga pelos estabelecimentos comerciais aos emissores de cartões, para a aprovação das transações realizadas com os plásticos. Como os emissores ficam com o risco da operação e não recebem juros por isso, decidiram no final do ano passado elevar a taxa de intercâmbio para melhorar a sua remuneração, encarecendo principalmente as operações acima de seis meses.

Entre os especialistas do varejo, a avaliação também é que o aumento do IOF terá pouco ou nenhum impacto no uso do cartão de crédito. O coordenador-geral do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), Claudio Felisoni, diz que as perspectivas para o setor continuam muito positivas.

Intenção de compras

Pesquisa do Provar sobre a intenção de compra de bens duráveis para o primeiro trimestre deste ano aponta o crescimento do uso do cartão. Segundo a pesquisa, 87,5% das aquisições de linha branca serão feitas por meio de crediário. Desses, 21,9 pontos porcentuais representam compras parceladas no cartão de crédito. O nível supera as participações dessa forma de pagamento no quarto e no primeiro trimestres de 2007, respectivamente, de 15 7% e 11,6%.

A expansão do cartão ainda é verificada em informática e nas demais categorias, também influenciada pelo alongamento dos prazos e pela continuidade do crescimento da oferta de crédito no varejo. Entre janeiro e março deste ano, 80,5% das compras planejadas desses produtos deverão ser feitas com o uso de crediário. Desse total, 36,6 pontos porcentuais representam o pagamento por meio de cartão de crédito. No último trimestre do ano passado, a modalidade respondia por 31,8% de todas as modalidades, e, em igual período de 2007, a 25%.

Outra pesquisa, realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) oito dias após o anúncio da alta do IOF, apontou que 54% das vendas foram feitas por meio de cartão de crédito no início deste ano. O nível não ficou muito distante dos verificados em estudos anteriores feitos pela entidade. No Natal de 2007, por exemplo, esse índice foi de 62%. Na avaliação da área de varejo da consultoria da IBM Brasil, uma análise mais detalhada do efeito do IOF sobre as compras com cartões só poderá ser realizada num prazo médio de seis meses.

Cheques

Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), porém, apontaram um avanço maior das operações feitas com cheques do que as vendas a crédito na primeira quinzena de janeiro. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que representa vendas no crediário, cresceram 6,9%, em relação ao mesmo período de 2007. Já as consultas ao SCPC Cheque (ex-UseCheque), que indicam o volume de vendas à vista, aumentaram 8,8% na mesma base de comparação. Entre dezembro e janeiro deste ano, a entidade registrou também leve aumento no uso do cheque e a retração do crediário. A tendência é que os meios de pagamento mantenham, nos próximos meses, participações semelhantes às verificadas antes do aumento do IOF e também do fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

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