Anfavea diz que PPE precisa de flexibilidade e que trabalha com governo para isso

As montadoras instaladas no Brasil pretendem convencer o governo a tornar mais flexível o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), afirmou nesta segunda-feira, 13, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. Lançado em julho do ano passado pela gestão de Dilma Rousseff para evitar demissões em empresas com dificuldades financeiras, o PPE permite que os salários e a jornadas sejam reduzidos em até 30%, com metade da perda salarial compensada pelo governo. Hoje, 21 mil funcionários de montadoras estão cadastrados no programa.

“O PPE precisa de mais flexibilidade, porque, em alguns momentos, como o de falta de peças, ele engessa um pouco, então estamos trabalhando junto ao governo para dar mais flexibilidade a esse instrumento e fazer frente aos momentos difíceis”, disse Megale, que participou na manhã desta segunda-feira um evento do setor, em São Paulo.

O presidente da Anfavea não deu detalhes de quais sugestões a entidade pretende dar ao governo. Ele reiterou, porém, que considera o PPE uma iniciativa importante e que deveria estar sempre disponível para as empresas. O programa foi aprovado pelo Congresso de forma provisória e, quem tiver interesse em aderir, só poderá fazê-lo até o fim deste ano. Algumas das empresas do setor, no entanto, já cogitam não utilizá-lo mais, como é o caso da Mercedes-Benz, cuja adesão terminou em maio e a renovação parece difícil de ser assinada.

Megale disse ainda que começou há duas semanas a participar de conversas com o governo para a elaboração de uma nova política industrial. Embora também não tenha dado detalhes quanto a isso, ele reforçou que sua principal reivindicação é o aumento da previsibilidade dos negócios. Ele também elogiou o esforço do governo em adotar medidas fiscais, mas disse que, antes de tudo, é preciso haver uma estabilização do ambiente político, para que as medidas econômicas sejam ampliadas.

Vendas

Diante da queda nos indicadores de produção e venda, a indústria automotiva, que têm capacidade de produzir 5 milhões de veículos por ano, opera com ociosidade de 52%, disse Megale. Ele destacou que as fábricas de caminhões enfrentam situação pior, com 75% de capacidade ociosa. Em função deste cenário, a Anfavea revisou recentemente a sua projeção para a produção em 2016 e agora prevê que o volume produzido caia 5,5% este ano. A previsão anterior era de crescimento de 0,5%.

Por outro lado, a entidade melhorou a previsão para as exportações, de alta de 8% para expansão de 21,5%. “A exportação é a alternativa que nos cabe no curto prazo e nos parece que há a mesma sensibilidade por parte do governo, com esforço em fazer novos acordos e melhorar os acordos existentes”, afirmou Megale.

Para ele, o momento deve ser aproveitado para criar uma visão estratégica e não limitar as vendas externas à América do Sul. “Temos de atacar mercados de outros continentes, como a África e países do Oriente Médio”, disse.

O presidente da Anfavea também comentou as negociações de renovação do acordo comercial com a Argentina, cujo termo atual expira em junho. Segundo ele, enquanto o Brasil tem preferência pela assinatura de um entendimento de livre comércio, os argentinos preferem a manutenção de um comércio controlado. Ainda assim, de acordo com Megale, há uma visão dos dois lados de que o comércio não pode ser interrompido.

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