Analistas apóiam “juro estável”

A decisão do Banco Central de manter em 16,5% a taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) encerrada anteontem mostrou “coerência” e “coesão”, segundo analistas. Para a maioria, um corte dos juros em fevereiro, mesmo que pequeno, contrariaria o discurso adotado pelo BC em janeiro, quando a instituição se mostrou bastante preocupada com a pressão inflacionária – que se confirmou em alguns dos indicadores divulgados nos últimos dias.

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu de 0,68% em janeiro para 0,90% em fevereiro. O indicador antecipa o resultado do IPCA, índice adotado pelo governo para monitorar a meta de inflação.

Mas, apesar de apoiarem a decisão do Copom, os analistas não deixam de comentar o fim da “lua-de-mel” do governo com o mercado e lembram que a “fase adversa” do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva pode estar se instalando.

Um dos exemplos citados foi a derrota do governo que, mais preocupado em abafar os efeitos das denúncias envolvendo o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz – que já provocou ameaça de afastamento do ministro José Dirceu da Casa Civil -, não conseguiu impedir a instalação da CPI dos Bingos.

Os efeitos desse clima mais tenso já se refletiram nos indicadores do mercado financeiro, considerados o primeiro termômetro do que vai se passar na economia real – que, aliás, não dá sinais fortes de recuperação há algum tempo.

A Bolsa de Valores de São Paulo, desde que estourou o “caso Diniz” já recuou 5,2%. A cotação do dólar comercial subiu quase 2% e a taxa de risco-País, que mensura o nível de confiança dos investidores estrangeiros, está próxima dos 600 pontos, após ter recuado para quase 400 pontos no começo do ano.

Lado bom

Esse clima de pessimismo acaba ofuscando algumas notícias boas para o governo. Uma delas é a aprovação integral da revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional, que manteve a austeridade no lado econômico, atendendo a um pedido do governo de excluir algumas estatais do cálculo do superávit primário.

Outra “boa” notícia foi a aprovação do texto para a criação das PPPs (Parceria Público-Privada). Apesar da derrota no ponto sobre a prioridade dos pagamentos, o projeto ajudará a viabilizar investimentos, principalmente no setor de infra-estrutura.

Voltar ao topo