Analistas acham que Selic será mantida

São Paulo (AE) – Em coro, analistas do mercado financeiro afirmam que os diretores do Banco Central vão decidir pela manutenção da Selic em 16,5% ao ano em março pelo terceiro mês consecutivo. Em coro também garantem que há espaço para a retomada da trajetória de queda se for considerado o cenário econômico. Já, quando a avaliação leva em conta o atual sistema de metas, as opiniões dividem-se. Para a maioria, o BC está certo ao perseguir o centro da meta deste ano, de 5,5% com variação de 2,5 pontos porcentuais para baixo ou para cima. O que passa a ser questionado, segundo eles, é o modelo, que pode estar “sufocando” o desenvolvimento econômico do País.

O sócio-diretor da Rosenberg e Associados Dirceu Bezerra aposta na manutenção do juro básico novamente este mês porque o BC estaria mirando os dados de inflação. “Nossa projeção de inflação para o ano está em 6,5%, muito acima da meta, mas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) estão sufocando a atividade industrial”, observou. Para Bezerra, o atual sistema de metas “engessa” a economia, o que deve suscitar críticas e pressões de diferentes segmentos para que o governo altere o sistema ainda este ano.

Para a economista Carla de Castro Bernardes, da Modal Asset Management, a manutenção da Selic é “quase certa” em função dos recentes discursos dos diretores do BC e da ata da reunião de fevereiro. “Não dá para imaginar nada diferente disso”, afirmou, acrescentando que a avaliação da Modal em relação à inflação não é tão pessimista quanto a do BC, mas salientando que o sistema de metas se impõe na hora das decisões. A economista não acredita, porém, numa mudança do modelo este ano.

Alguns dos economistas consultados salientaram que a semana recheada de indicadores de inflação, com destaque para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) amanhã, será decisiva para consolidar as apostas. É o caso de Flávio Bojikian, tesoureiro-chefe do Banco Société Générale do Brasil. “Vou esperar a divulgação de todos os índices para analisar seus núcleos antes de ter uma opinião decisiva sobre o rumo da política monetária”, disse. Para ele, o BC perde tempo ao manter a Selic em 16,5%. “Os diretores do BC estão perdendo uma oportunidade de ouro. Nunca o mundo trabalhou com taxas tão baixas de juros e que dificilmente vão voltar ao nível atual. É uma pena”, avaliou.

Voz destoante

A voz destoante do mercado vem do economista Ricardo Denadai, da LCA Consultores. Para ele, o Copom reduzirá a Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião dos dias 16 e 17. Seus argumentos são baseados nas operações realizadas no mercado de juros, que já apontam uma queda desta magnitude. “Em prol da manutenção pesam os resultados do IPCA e do IPA (Índice de Preços no Atacado) que em janeiro vieram altos. No varejo, no entanto, o repasse não ocorre com a mesma grandeza que ocorre no atacado pela baixa renda da população e isso dá espaço suficiente para a redução do juro.” Segundo ele, os reajustes no varejo são da ordem de 1%, enquanto no atacado, de 6%.

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