América Latina precisa crescer 8% ao ano para sair do buraco

Cuzco

– O presidente peruano Alejandro Toledo estabeleceu ontem, na abertura dos trabalhos da reunião do Grupo do Rio, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pauta que vai nortear as discussões dos chefes de Estado. Em seu discurso, Toledo afirmou que a região latino-americana tem que alcançar uma tendência de crescimento sustentável do seu Produto Interno Bruto anual de 7% a 8%.

“A região necessita com urgência de mais investimentos públicos em infra-estrutura, educação e saúde que acompanhem os investimentos privados.” Ele ressaltou que os paises sul-americanos precisam de investimentos em estradas, redes elétricas, saneamento básico, além de maior cobertura e qualidade na educação e saúde. Destacou que é preciso construir uma agenda latino-americana para enfrentar os desafios da globalização e a competitividade mundial.

Toledo afirmou ainda que a pobreza e a corrupção ameaçam a governabilidade democrática da região e uma governabilidade em crise implica diminuição drástica dos fluxos de investimentos privados e públicos. “Entre governabilidade, investimento, crescimento e erradicação da pobreza existe um ciclo que necessitamos converter de pernicioso para virtuoso”, afirmou o presidente peruano, acrescentando que os chefes de Estado têm consciência de que não vão regredir à desordem da economia, à indisciplina fiscal e monetária que por muitos anos conduziu os países da região a hiperinflações.

Toledo apresentou uma série de propostas para construção de uma Agenda latinoamericana que possa enfrentar “com êxito” os desafios da globalização e a competitividade mundial. Entre as propostas, que estão sendo discutidas pelo Grupo do Rio, até hoje, está a conversão de 20% dos juros de dívidas externas que são pagos pelos países sul-americanos em financiamentos de projetos de infra-estrutura na região. O mecanismo, segundo Toledo, pode ser a criação de um Fundo de Investimento em Infra-Estrutura Latino-Americana.

Desta forma, acredita o presidete peruano, será possível incorporar a esse mecanismo tanto o serviço da dívida geral quanto o pagamento de créditos de exportação, que “usualmente necessitam de novos investimentos”.

Lula roubou a cena à tarde, ao posar para a foto oficial da 17.ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Grupo do Rio, em Cuzco, no Peru, ao lado dos outros 18 dirigentes de países da América Latina e Caribe, ministros e vice-presidentes. Com um bastão dourado e preto na mão direita, símbolo do poder do império inca, Lula não se conteve. “Sou de esquerda e vou segurar esse bastão com a mão esquerda”, disse. “Quem for de esquerda que me acompanhe.” Imediatamente, todos jogaram o bastão para a outra mão. Foi uma risada geral. Ele também recebeu a carta de um peruano, pedindo ajuda para tratamento no Brasil para o filho de 8 anos.

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