Alternativas para emissão de ações podem levra cias a pensarem captação em Bolsa

As ofertas de ações com esforço restrito abrem a possibilidade para que as companhias acessem com mais facilidade o mercado de Bolsa. Embora o cenário ainda não se desenhe de maneira favorável para emissões, dado o mau humor dos investidores, a expectativa é de que em 2015 as empresas voltem a olhar o mercado acionário como alternativa. Nessa perspectiva, as emissões com esforços restritos deverão ter uma papel relevante no caso das ofertas subsequentes. Já as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) deverão seguir pela instrução 400, e também são aguardadas para ocorrer no próximo ano.

Glenn Mallett, superintendente executivo do Bradesco BBI, destaca que existe hoje no mercado brasileiro mais alternativas na mesa para a estruturação de uma oferta de ações e uma das possibilidades que se abre é exatamente pela “476 de ações”.

As companhias voltaram, nesse final de ano, inclusive, a fazer consultas com o intuito de tirar da gaveta a emissão de ações que havia sido deixada de lado ao longo deste ano, segundo o sócio da área de Mercado de Capitais do Souza, Cescon, Barrieu & Flesch, Joaquim Oliveira. “Começamos a perceber um movimento mais intenso de procura. Podemos ver alguma coisa nova a partir do segundo trimestre do ano que vem”, destaca.

O gerente executivo da diretoria de mercado de capitais e investimentos do Banco do Brasil, Bernardo Rothe, afirma que o próximo ano terá mais definições do que 2014, o que poderá abrir espaço para ofertas. Por outro lado, ele pondera que o cenário geopolítico externo impõe um ambiente de cautela, o que acaba afetando de forma direta o apetite dos investidores por emissão de ações.

No mês passado, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse que há cerca de 60 IPOs represados no mercado brasileiro. “É uma questão de tempo, de janela de oportunidade”, disse o executivo. O ambiente de forte volatilidade que permeou todo o ano no mercado, por conta das eleições presidenciais, acabou afastando os emissores. No ano, apenas uma empresa abriu capital na bolsa brasileira, a Ourofino, do setor veterinário, em outubro.

A oferta da Ourofino, que movimentou R$ 418 milhões, contou com a ancoragem do fundo de private equity General Atlantic, que ingressou com R$ 200 milhões desse total e, com isso, trouxe certa garantia ao sucesso do IPO, que foi realizado entre o primeiro e segundo turno das eleições presidenciais.

“Esse foi o único IPO do ano e colocado em um cenário extremamente indefinido. É difícil traçar uma receita para uma oferta dar certo, não é porque a ancoragem da oferta da Ourofino deu certo que todas sairão assim”, frisa Mallett, do Bradesco BBI.

Além da oferta da Ourofino, a Oi realizou uma distribuição subsequente neste ano, de cerca de R$ 14 bilhões, no âmbito da operação de fusão com a Portugal Telecom. No ano passado, entre ofertas iniciais e subsequentes, o volume movimentado foi de R$ 23,4 bilhões.

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