Alimentos pressionam a inflação em março

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou para 0,37% em março, depois de ter atingido 0,44% em fevereiro. Foi a menor taxa apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o mês de março desde 2000. O índice acumulado no primeiro trimestre deste ano (1,26%) também é o menor desde 2000 e a inflação de 12 meses (2,96%) é a menor desde fevereiro de 1999. Na Grande Curitiba, a inflação teve alta de 0,38%, depois da variação zero registrada em fevereiro.  

O recuo da inflação em relação a fevereiro se deve à pressão menor do grupo Educação, que ficou perto da estabilidade em março, com variação positiva de 0,02%, contra avanço de 3,48% no mês anterior, por conta dos reajustes no início do ano letivo.

Por outro lado, os alimentos subiram 0,98% no mês e continuaram exercendo pressão sobre o índice. Com 0,20 ponto percentual de contribuição, o grupo Alimentação e Bebidas foi responsável por 54% do IPCA do período. De acordo com a coordenadora de índice de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o efeito da chuva sobre os alimentos mais sensíveis ao clima, como tomate (aumento de 19,95%) e cebola (22,7%), tem refletido em altas para esse grupo, apesar da safra agrícola recorde prevista para este ano.

Serviços administrados

Serviços administrados e combustíveis também pesaram mais no índice em março. A taxa de água e esgoto, por exemplo, ficou 1,24% mais cara no mês passado. A gasolina apontou alta de 0,72%, ante uma baixa de 0,86% em fevereiro.

Em março, a maior alta da inflação foi observada na região metropolitana de Belém (0,78%) e a menor, no Rio de Janeiro (0,09%). A única deflação foi apurada em Porto Alegre, de 0,04%.

Meta do governo

O IPCA é o índice oficial do governo para a definição das metas de inflação. Segundo as últimas estimativas do mercado, divulgadas no boletim Focus do Banco Central desta semana, o índice medido pelo IBGE deve encerrar 2007 em 3,88%.

O centro da meta do IPCA para este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Em 2006, a meta era a mesma e o IPCA ficou em 3,14%.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para a camada de renda mais baixa da população, ficou em 0,44% em março, ante 0,42% em fevereiro, acumulando alta de 1,36% no primeiro trimestre e de 3,30% em 12 meses. Na Grande Curitiba, o INPC foi de 0,48% em março, de 0,90% no ano e 2,19% nos 12 meses.

Preços administrados em queda

Lyrian Saiki

No sobe-e-desce dos preços dos combustíveis, a gasolina mais uma vez definiu a variação da cesta de tarifas públicas em Curitiba. Com queda de 3,71%, a gasolina pressionou para baixo os preços administrados e monitorados, e o resultado foi deflação de 0,60% em março. No ano (janeiro a março), os preços administrados acumulam deflação de 1,17%, e nos últimos 12 meses, queda de 1,77%. Os dados foram apresentados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), em parceria com o Sindicato dos Engenheiros.

Em março, o custo médio dos serviços públicos para uma família curitibana foi de R$ 481,14. A gasolina foi o item que mais pressionou o índice geral, com queda de 3,71%, passando de R$ 2,45 o preço médio do litro em fevereiro para R$ 2,36 em março. A queda no preço se deve sobretudo à redução do lucro, que caiu de R$ 0,355 por litro para R$ 0,23.

Apesar de não fazer parte da cesta de tarifas públicas, o álcool combustível também apresentou queda de 4,49%, com o preço médio do litro passando de R$ R$ 1,56 para R$ 1,49, também por conta da redução no lucro de R$ 0,28 para R$ 0,19 o litro. Outros itens que tiveram variação no preço foram gás de cozinha (alta de 0,36%), carta simples (6,74%) e transporte coletivo (0,46%). Para abril, a expectativa é que haja nova deflação (-0,56%), também por conta da gasolina.

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