Alimentação desacelera e IPC-S deve fechar mês dentro do previsto, avalia FGV

A inflação de alimentos voltou a abrandar o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da terceira leitura de outubro, depois do salto de 0,20 ponto porcentual entre a primeira e a segunda medições deste mês (de 0,72% para 0,52%).

Na terceira quadrissemana (últimos 30 dias terminados nesta quinta-feira, 22), o grupo Alimentação desacelerou para 0,46%, influenciado em grande parte pelos alimentos in natura, como hortaliças e legumes (-8,60% para -10,91%). A análise foi feita na manhã desta sexta-feira, 23, pelo coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O alívio nos preços de alguns alimentos deve ajudar a amenizar os efeitos de alta dos combustíveis sobre o IPC-S fechado deste mês, cuja projeção segue em 0,66%, segundo Picchetti. Em agosto, o indicador ficou em 0,42%.

Influenciado pelo reajuste de 6% no preço nas refinarias, a variação da gasolina no IPC-S avançou de 1,71% na segunda leitura para 3,15% na terceira. Já a taxa do etanol foi mais além, ao passar de 4,05% e 6,44% no mesmo período. “O reajuste da gasolina foi a deixa para tirarem o atraso em relação ao preço do etanol”, disse.

Juntos, os resultados dos combustíveis tiveram uma participação de 0,06 ponto porcentual no IPC-S da terceira quadrissemana, enquanto a deflação de hortaliças e legumes teve contribuição negativa de 0,03 ponto porcentual.

Alguns alimentos in natura tiveram quedas expressivas, caso da batata, que aumentou a velocidade de baixa, de 0,93% para 11,56% na terceira leitura do mês, e a cebola, que saiu de retração de 33,20% para declínio de 39,81%. Nas pesquisas mais recentes, Picchetti adiantou que os sinais são de recuos ainda mais expressivos nas variações da batata e cebola, de mais de 20% e de 40%, respectivamente.

“Não tem nenhum grande problema de clima, nenhum choque de oferta de alimentos. Subiram muito anteriormente e agora estão fazendo o movimento normal de devolver. Provavelmente, o grupo Alimentação vai ajudar o IPC-S”, afirmou.

Além de esperar alívio no grupo Alimentação, Picchetti estima que os impactos dos reajustes já concedidos em gás de botijão e em tarifa de ônibus urbano em Salvador e Brasília diminuam ainda mais no IPC-S fechado do mês. “Com isso, mais ou menos os efeitos esperados de pressão de alta e de baixa tendem a se anular. Como o IPC-S (0,67%) está muito perto da previsão de 0,66%, salvo algumas surpresas, deve ficar perto desta marca no fim do mês”, reforçou.

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